quinta-feira, 15 de maio de 2014

A pressão dos pares por A+B



Bom, uso o A+B porque apesar de escrever bem, a rapariga é mestre com os números e tenho esperança que o aspecto de equação a ajude a perceber a pressão dos pares. Com a sua natural tendência numérica, ela associou pares a números mas na linguagem dos psicólogos (tão boa ou tão má como outro dialecto profissional qualquer) os pares são os nossos iguais, aqueles que mais se aproximam de nós pela idade, estatuto, etc, ou seja são os amigos e colegas da mesma idade, a mesma geração. Números de lado pois ou talvez não. E talvez não porque os pares são uma maioria indistinta, a tendência maioritária que dita a moda e o que é bom e mau, o que faz com que uns estejam in e outros out e que os out sejam uns cromos ou assentem nas margens (góticos e afins).

Como se forma essa maioria indistinta que diz que as viagens de finalistas são o máximo e têm que ser numa praia espanhola com fileiras de prédios em que metade são hotéis e a outra metade casas de férias,  tão rica em cultura alcoólica como pobre em qualquer outro tipo de cultura? Como se forma essa maioria que dita como é que deve ser o corpo, o cabelo, a roupa que se veste (passam anos sem usar vestidos ou saias até que admitem um vestidinho à saída da adolescência)? Eis uma boa questão, ela é formada por todos aqueles que vão aderindo quase sem pensar no assunto, num assim é porque tem que ser e é bonito mas não sabemos explicar porquê e fazemos porque é assim que se faz e é bom porque já outros fizeram assim. Uma conversa tão redonda quanto vazia, de onde não se sai. Neste círculo redondo o pensar por si próprio quase não faz sentido porque eles pensam por sí próprios dentro do instituído que não é questionável.

Finalmente as más influências. Nada a ver, aí a rapariga erra em cheio. Neste caso falamos das boas influências. A pressão dos pares é a da maioria e a maioria é cheia de boas influências, diz qual é a cor da moda para as unhas, qual é a última moda nos ténis e nas sandálias, qual é o melhor festival que não podes perder, que hora é indicada para sair à noite e o concerto a que todos devem ir. Os pais não vêm isso como perigoso. Nada de Trrr...oino na história porque os filhos do largo da fonte nova não frequentam o liceu nem ditam modas, não são parte da pressão dos pares, estão quanto muito à espera que uma das meninas passe bem perto para lhe pedirem delicadamente o iphone (como os têm com 15 e 16 anos é um mistério para mim). Recordo uma reunião de liceu de 8º ano em que a professora disse que a rapariga andava com más companhias e eu fiquei escandalizada por saber que ela se referia a um colega preto que já tinha chumbado uma vez e que felizmente até hoje é amigo dela. Água com azeite é do melhor e não faz parte da pressão dos pares.

Não é necessariamente mau querer o mesmo que os outros e ser como eles, fazer parte, sentir-se integrado, mas também não é mau escolher ao lado de vez em quando, enfim, ser ímpar. Ela diz que sim, que é, quero acreditar e às vezes acredito mas outras duvido, tenho dúvidas, ou seja, dito cientificamente, ainda está em estudo.

~CC~

2 comentários:

  1. E o contra-ataque aproxima-se http://outrosuldamargem.tumblr.com/

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  2. eh, eh...claro, pensamento dominante invade todas as idades, a pressão só é um bocadinho maior entre os 11 e os 18...seria interessante ter uma fórmula para isso...estou certa que os físicos inventariam. É vê-las deixar crescer os cabelos até meio dos ombros, se não todas, 99%. De resto de acordo, os psicólogos são uns chatos, também me irritam :) Há mesmo uns de serviço que passam na TSF, sempre a aconselhar o mundo em geral e todos em particular.
    ~CC~

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