Grandes cartazes publicitários, cada vez maiores à medida que se aproximava a data de abertura. Finalmente para muitos, Setúbal ia ter um grande centro comercial, talvez fosse a única cidade de média dimensão a escapar heroicamente. Abriu a meio da semana, mas no fim de semana passado a alucinação parece ter sido enorme e as conversas enchiam-se de comentários ao dito. Certo é que no sábado desci à baixa para avaliar o prejuízo. Duas das maiores lojas da baixa, de cadeias de pronto a vestir (não lhes faço publicidade e pronto) ostentavam cartazes a referir a mudança para o centro comercial. Assim se despovoam os centros históricos e se mata o que resta do comércio tradicional.
Ontem lá fui espreitar essa catedral ao consumo. Confesso a apatia, as mesmas lojas de sempre, nem uma diferente, até já os cafés são iguais aos dos outros centros comerciais. A minha única curiosidade era a loja da FNAC, mas espanto meu, é pequeníssima, sem café nem área cultural, devem estar a experimentar um modelo qualquer outro, porque se parece com tudo menos com uma livraria. Desfeita a única esperança, nada mais há a dizer, nem sabemos em que parte do país estamos, nem em que parte do mundo, é tudo a mesma coisa, um dia o mundo irá reduzir-se a seis ou sete cadeias de roupa, duas ou três de sapatos e decoração e uma única cadeia de gelados que ganhou a corrida. Parece que aqui nem faltaram algumas tricas entre as cadeias de pronto a vestir, com duas ou três a vetarem a entrada de uma terceira por vender muito barato. Chantagem à séria.Claro que atentos às dinâmicas locais, lá enfiaram um golfinho como escultura à entrada e baptizaram as portas com nomes alusivos a zonas da cidade, uma interessante cosmética regional.
Essa alegria do consumo bem espelhada no nome do próprio centro comercial, não me diz rigorosamente nada. Como é que neste país, com tudo o que já se aprendeu, se continuam a construir centros comerciais. Bom, mas já nada espanta, parece que está em construção a cidade do futebol depois dos muitos estádios falidos do Euro2004.
~CC~
Sem comentários:
Enviar um comentário
Passagens