A minha história do ano não é feita pelo facebook, não a imagino a ser feita por um algoritmo que é tão sensível que é capaz de mostrar a um pai a morte de uma filha como um acontecimento do seu ano. Terá sido certamente uma tragédia do seu ano mas o fb não sabe classificar emoções, embora se atreva a fazer histórias de vida. Ao contrário de muitos outros que não gostam de balanços, eu sempre gostei. E um ano é apenas um marco de tempo cultural, mas é na cultura que vivemos enraizados e é por causa dela que não somos marcianos.
Fiz coisas de mais. Fiz coisas de menos. Fiz coisas certas e difíceis. Fiz coisas certas e fáceis. Cometi erros, alguns sem saber bem o porquê, sem ter meios de os evitar. Trabalhei certamente de mais, sem dúvida. E como foi de mais nem tudo foi bem feito como deveria, suficientemente bem feito, ao nível da minha exigência, em alguns casos apenas me safei, isto é, dei aulas menos boas, fiz formações que ainda nem avaliei devidamente, escrevi artigos que não me deixaram suficientemente satisfeita. Este lado virginiano de autocrítica é-me útil, saber-me imperfeita tornou-me mais humana o que não me impede de não me sentir bem quando não chego lá, fico aquém. Fiz coisas boas, uma comunicação que saiu muito bem, uma associação de natureza social e cultural que saiu do papel e ganhou forma, uma maravilhosa oficina com crianças e jovens numa semana em que devia estar de férias mas abdiquei delas e ainda bem. Vi a minha filha entrar na universidade, não exactamente no que queria mas na mesma área, vi-a sair-se bem, integrar-se noutro meio e noutra cidade e senti orgulho, não apenas por ser uma brilhante aluna mas por ser uma pessoa que gosta tanto da vida, que se adapta, que vai a luta.
Queria ter escrito mais, transformado vida em histórias de ler e partilhar mas o tempo escasseia, falta-me a paz necessária. Queria ter viajado mais, este ano não andei de avião. Viajei em trabalho é certo, mas não é a mesma coisa. Não fui para perder cidades, para acordar de manhã e pensar que a tarefa principal é andar pelas ruas desconhecidas, quando fui tinha por missão acordar para ir trabalhar, mesmo que noutro lugar, o que não deixa de ser bom mas não é a mesma coisa. Queria ter encontrado o tal lugar mas agradeço não o ter encontrado porque é a altura menos certa para o tentar comprar. Ganhei por natal só prendas de cor preta mas ainda não faz mal, o preto ainda não me afecta, o sol que tenho por dentro ainda é suficiente para o vestir.
Se um balanço é um modo de encontrar o que nos faz falta, de saber o que é, de querer isso, que venha então em forma de doze passas ou de qualquer outra coisa.
Ano bom.
~CC~
Queria ter escrito mais, transformado vida em histórias de ler e partilhar mas o tempo escasseia, falta-me a paz necessária. Queria ter viajado mais, este ano não andei de avião. Viajei em trabalho é certo, mas não é a mesma coisa. Não fui para perder cidades, para acordar de manhã e pensar que a tarefa principal é andar pelas ruas desconhecidas, quando fui tinha por missão acordar para ir trabalhar, mesmo que noutro lugar, o que não deixa de ser bom mas não é a mesma coisa. Queria ter encontrado o tal lugar mas agradeço não o ter encontrado porque é a altura menos certa para o tentar comprar. Ganhei por natal só prendas de cor preta mas ainda não faz mal, o preto ainda não me afecta, o sol que tenho por dentro ainda é suficiente para o vestir.
Se um balanço é um modo de encontrar o que nos faz falta, de saber o que é, de querer isso, que venha então em forma de doze passas ou de qualquer outra coisa.
Ano bom.
~CC~
Que em 2015 se faça e se cumpra (sempre bem) o que saiu menos bem em 2014. Bom Ano,
ResponderEliminar