Acontecem coisas boas dentro das más.
No dia 21 de Setembro foi a data da primeira consulta em que o resultado da biopsia indicava: carcinoma do estômago, ou para sermos mais precisos, da junção eso-gástrica. No dia 21 de Outubro, esta sexta feira, ou seja, apenas um mês depois iniciarei o primeiro tratamento de quimioterapia.
Todos correram contra o tempo numa imensa rede que envolveu amigos e familiares mas também gente mais ou menos desconhecida. Devo ter feito cerca de 10 exames num mês e uma laparoscopia que é considerada também uma operação cirúgica, é feita com anestesia geral mas que no meu caso serviu sobretudo como um exame e permitiu perceber que não havia metástases fora do estômago, a primeira das boas notícias a chegar. Poupo-vos à descrição dos exames, o pior de todos para mim é relativamente fácil para o resto das pessoas pois não provoca qualquer dor, trata-se da ressonância magnética, pela impossibilidade real que é estar dentro de um tubo daquela dimensão. Não é a dor o que mais custa, é um vazio de incredulidade que chega de quando em quanto, como se tudo isto fosse apenas um pesadelo, é a dificuldade de pronunciar coisas no futuro. Dantes pensava o futuro como coisa de anos, agora penso-o como o que gostava que acontecesse no Natal ou no Carnaval.
A minha vida intensamente preenchida de trabalho foi abruptamente interrompida e há coisas que sei que não recuperarei facilmente, é fácil o esquecimento. No entanto estou em paz relativamente a isso, fiz praticamente tudo o que queria fazer em termos profissionais e académicos. É recente o corte, ainda estou a ajudar quem ficou no meu lugar, a acabar coisas, ainda não me chegou o vazio, não sei se alguma vez chegará. Dizem que a debilidade em que ficamos nos ajuda a desligar de tudo, talvez.
Apenas um mês, para mim parece que passou muito tempo, que até eu já não sou bem eu mas outra em processo de transformação. Muita força não vem de mim mas do que os outros me dizem de mim, penso que se sou como eles dizem, se sou mesmo assim, então não poderei desiludi-los.
~CC~
A minha vida intensamente preenchida de trabalho foi abruptamente interrompida e há coisas que sei que não recuperarei facilmente, é fácil o esquecimento. No entanto estou em paz relativamente a isso, fiz praticamente tudo o que queria fazer em termos profissionais e académicos. É recente o corte, ainda estou a ajudar quem ficou no meu lugar, a acabar coisas, ainda não me chegou o vazio, não sei se alguma vez chegará. Dizem que a debilidade em que ficamos nos ajuda a desligar de tudo, talvez.
Apenas um mês, para mim parece que passou muito tempo, que até eu já não sou bem eu mas outra em processo de transformação. Muita força não vem de mim mas do que os outros me dizem de mim, penso que se sou como eles dizem, se sou mesmo assim, então não poderei desiludi-los.
~CC~
Principalmente, nada de te desiludires a ti própria, que a pessoa que leio quando aqui venho é uma valente observadora... :)
ResponderEliminaracabo de ler com um sorriso no rosto. obrigada CC, pelo exemplo, pela força.
ResponderEliminarbeijo
Um abraço grande às duas.
ResponderEliminar~CC~
Reforço os desejos de Coragem!
ResponderEliminarMesmo não a conhecendo, torço por si!
AL
Oh António, também não conheço as duas meninas dos comentários anteriores. Mas pensando bem, o que será conhecer? Nunca nos vimos ao vivo é certo e sem dúvida que acredito mais nas amizades que têm um rosto, cheiro, cor...mas estas também valem, a seu modo se vão tecendo.
ResponderEliminar~CC~
conhece-me melhor quem me lê, do que quem me vê, CC :)
ResponderEliminarbom domingo!
Muita força e coragem.
ResponderEliminarbeijinho