quinta-feira, 20 de julho de 2017

Talvez o seu nome seja morte, talvez o seu nome seja monstro



Não sei se ganhei medo em estar sozinha, mas acho que não, há por vezes só alguma sensação de vazio, outras, uma ligeira ansiedade, traduzida por uma inédita alergia ao silêncio, qualquer coisa que uma televisão ou uma rádio não anulam. Trata-se de uma espécie de buraco negro no qual fico suspensa com uma tristeza sem sentido, quanto mais o buraco me absorve, mais o pânico acontece. Talvez o seu nome seja morte, talvez o seu nome seja monstro.

E o buraco negro apanha-me mais quando estou sozinha, como se estivesse ali, tal qual bicho papão à espera de me agarrar. Os outros não são sempre protectores nem o são todos, já fui apanhada mesmo na presença de outro alguém.

Mas são protectores sobretudo aqueles que têm colo para dar, que sabem que também os adultos precisam de um lugar onde esconder o rosto, de quem grite aos monstros, esvazie os buracos negros, amanse as feras, em síntese, de quem sabe o que é ser terno, dar ternura. 

~CC~

3 comentários:

  1. alguém que compreenda, alguém em quem confiar. isso é colo.

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  2. CC, talvez faça a associação entre silêncio e morte...
    Como as pessoas interpretam o silêncio de forma tão diferente... Passei a apreciar mais o silêncio no que à esfera privada diz respeito. (Gosto da movimentação própria das cidades.)

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  3. O silêncio tem muitas faces que poderão, talvez, ser reflexos dos nossos estados de alma.

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