Era uma miúda com uns oito anos, belos olhos redondos pretos, tom de pele de canela e cabelos longos, muito escuros. Ia pela mão de um adulto, talvez o pai, homem entre os 30 e os 40 anos. Passei ao lado deles e pude ouvir claramente a pergunta dela:
- Quando é que eu posso usar a jillaba?
Levei comigo a pergunta dela por todo o resto do caminho que fiz. Como é que uma criança a viver em Portugal, com um cabelo tão espantosamente bonito, pode um dia querer cobri-lo? Como é que querer crescer pode ser um desejo em vez de gozar espantosamente a liberdade da infância? Lembrei-me então das miúdas pequenas com as unhas pintadas, do seu desejo de pintar unhas das mãos e dos pés. Pensei em qual das coisas me chocava mais, se uma coisa que estava dentro das referências culturais ocidentais ou uma que não estava.
E cheguei à conclusão de que uma e outra me provocavam grande desconforto.
~CC~
Num como noutro caso, trata-se do desejo de imitar os adultos. Cada um com a sua referência. Embora no caso da menina dos cabelos longos, acredite que não a deixem usar antes do devido tempo.
ResponderEliminarTambém não gosto de ver as meninas com as unhas pintadas.
Pois é Luísa, quando abrimos bem os olhos, há sempre inquietação...
ResponderEliminar~CC~