terça-feira, 12 de março de 2019

Um beijo de sol



São vinte e três anos de um amor que foi mudando mas cuja intensidade permaneceu igual. Não há como ele, qualquer coisa que nasce no interior de nós, se distribui pelo nosso corpo entrando nas próprias células e nos invade, às vezes com uma calma feliz, outras com uma ansiedade gritante. Não há dúvida que primeiro é qualquer coisa animal, um desejo intenso de agarrar, cuidar e respirar. Nos primeiros anos é como se fosse ainda uma extensão da nossa pele, um ser que ainda não se separou totalmente de nós e que amamos com a ferocidade da paixão. Devagar vamos percebendo que sem autonomia não poderá crescer, ganhar as suas asas, conquistar o seu mundo. E vamos amando de outra forma, deixando respirar, dominando anseios de agarrar, encher de beijos, cuidar. Um dia descobrimos que não é apenas um ser autónomo mas que é capaz de nos contestar, de pensar de forma diferente de nós, que tem saberes próprios e a sua própria forma de ver o mundo. E se isso nos pode custar, é também o melhor de tudo. É perceber que criámos um ser com vida própria, capaz dos seus próprios voos. Esse amor por alguém adulto é já um outro amor e é ainda o mesmo amor.

Parabéns filha minha, um dia bom no país em que neva nos teus anos, envio daqui um beijo de sol.

~CC~

3 comentários:

  1. Querida CC,

    concordo com tudo, mas (há sempre um "mas? eu acho que sim!), o nosso lado animal vive mais, ainda.............

    :D

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  2. é um crescer com eles :)
    Parabéns, CC.
    Envio daqui um beijo com maresia :)

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  3. Meninas Alexandra e Ana, ah mães que vocês são e sabem...
    Beijinhos
    ~CC~

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