Foi um ano lectivo difícil, trabalhoso e por vezes sofrido. Houve uma turma da qual gostei quase de imediato e afinal se revelou uma desilusão. Mas dos sonsos, ainda por cima se adultos, não reza grande história. Foi um período demasiado curto para poder inverter a história de um desencontro que não percebi de imediato, como não houve frontalidade para gerir o presente, o futuro irá encarregar-se de me atenuar a dor das coisas que não correm bem.
E houve outra, de gente bem mais miúda, que após duas aulas me causou desde logo perturbação pelo seu estilo conflitual e por vezes até violento (connosco mas sobretudo entre eles), grande parte deles sem grande interesse em coisa nenhuma, identificando ali problemas que extravasam muito o ensino e a aprendizagem. E com estes fiquei um ano inteiro, muitas vezes interrogando como poderia trilhar o caminho, avançando e invertendo, analisando e enfrentando. Mas houve a verdade, essencial para mim em qualquer relação, a capacidade de dizer olhos nos olhos. E não terminou num oásis de felicidade, nem com todos a dizer que afinal compreendiam e apreciavam o que tínhamos tentado construir com eles durante um ano inteiro, mas grande parte sim. Deixaram mensagens que por vezes me toldaram os olhos de água. A lenta construção das coisas é desde sempre o que me interessa, na profissão, no amor, em tudo.
É o tempo, com o seu fio de tecer, caso queiramos aprender.
~CC~
A educação em Portugal ainda é um assunto confuso e insuficiente.
ResponderEliminarUm abraço.
Confuso e ainda assim extremamente simples...é só construir os alicerces...ou a teia:)
EliminarUm abraço
A vida leva-nos por caminhos antes ignotos e com os alunos - pelo menos aconteceu-me - é sempre a começar. Existem os que agradam desde o primeiro encontro e não desanimam (no meu tempo o ensino superior não era por turmas); outros haverá em que descobrimos potencial antes obliterado; e também as que, progressivamente, nos vão desiludindo (não me lembro já se tive algum destes casos, parece-me que não). Mesmo na vida, não me aconteceu. Não me enganei com os amigos próximos nem com os distantes. Talvez, em alguns momentos, não os tenha entendido e nem eles a mim, mas tudo isso me parece hoje natural e não matou a amizade. É como diz, CC: olhos nos olhos vai-se conseguindo.
ResponderEliminarE parabéns por essa satisfação de certeza mais que merecida. Não tenho memória de turmas de que gostasse menos, tenho memória de turmas fracas em termos de aproveitamento, alunos a quem desafiava ano inteiro e até na situação de exame. Não se passa imune por uma turma, há sempre a relação que se estabelece no conjunto e alguns casos individuais que nos tocam particularmente e é preciso não desiludir a sua confiança.
Mas a quem dou eu lições se abandonei a profissão há doze anos e muito mudou desde então. Por isso, muitos parabéns, CC. A cada ano que passa. E ao ânimo que a acalenta.
Um abraço e Boa semana
Tempo que já foi. Gostei de o viver com eles. Apesar de todos os ses e mas, a profissão acompanhou-me desde os treze. Como a pescada, "antes de ser já era". Foram mais ou menos 45 anos:).
Como assim?! Com a sua vivacidade eu não lhe dava mais que uns 70! Obrigada pelo alento que me dá. Beijinhos e boa semana
EliminarPois é, já me têm dito que pareço um bocadinho menos, mas já vou nos oitenta e tal. Coisas.
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