segunda-feira, 22 de julho de 2013

Pedra Branca



No meio do monte mais alto, a lua mais linda. Quantas sepulturas estavam ali? Não registei, apenas fixei esse pequeno apontamento dos corpos dobrados sobre si próprios em posição fetal. Quantos mil anos antes de Cristo? Muitos. Nem era preciso medir por Cristo. Eram humanos que sabiam tudo e por isso escolheram aquele lugar. De um lado o mar e o sol a desaparecer no horizonte, sem o mítico raio verde, mas com mil tons laranja. Do outro lado a lua a nascer redonda e brilhante. Eis o Alentejo, esse lugar onde o tempo sabe a migas, a poejos, ao som das cigarras.

Eles souberam escolher, eu queria escolher. Como é a vida quando não queremos voltar à nossa casa? Quando a nossa casa parece ser a Pedra Branca, a asa de corvo, a lua vermelha. Faz frio, fez calor.

Estavam ali os esqueletos deitados em posição fetal quando alguém um dia foi espreitar como era o cimo do monte. Eles guardavam o segredo da vida, essa lua laranja, esse sol brilhante, o sabor de um beijo.

Porque é que a vida é tão complicada se parece ser aqui tão simples?!

Pode ser aqui a minha casa, ando sempre à procura dela, procuro-a desde os meus dez anos.

~CC~

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