Ao fim da tarde, homens dentro dos carros, parados, de frente para o azul do rio. Esfria ao fim da tarde, nenhum vento que os impeça de sair, de caminhar. Contudo, eles ali estão imóveis, parecem-me ter os olhos vagos, vazios.
Quando cruzei o primeiro, nada achei de estranho, era só um homem dentro do carro. Mas logo apareceu um segundo, um terceiro. As idades a variar entre os cinquenta e os sessenta em cinco. Ali parados de frente para o rio, sozinhos. Hesito classificá-los, algures entre os reformados jovens e os desempregados tardios, entre os divorciados recentes e os de longo e cansado casamento.
Pensava que só as mulheres vinham assim fluir de um fim de tarde, lavar os olhos antes de ir para casa. Hesito em classificá-los: algures entre aqueles que não querem chegar a casa a horas de ajudar ao jantar ou aqueles que escondem a poesia a correr-lhes nas veias. O certo é que não saberei quem são. Serão apenas três homens ao fim da tarde junto ao rio.
~CC~
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