A nossa foto num dos móveis antigos do que parece ser a sala da avó. Sim, de certa forma foi isso que aconteceu nestes seis anos, um espaço de conforto, quase intimo, onde levei tantos e tantos amigos, onde fiz reuniões de trabalho, conversei comigo mesma, fiz almoços com a filha, alguns em que até esteve o pai dela. Foi a festa dos 15 anos, se me recordo, um bolo de chocolate com morangos como não há memória, tão lindo quanto delicioso. Eram uns miúdos ainda...Voltámos lá pelos 18 anos, agora só entre adultos, num pequeno jantar com muito riso à mistura, cúmplices.
Pode um restaurante fazer parte da nossa vida? Restaurante?! Sim, custa-me chamar-lhe assim, não é bem isso, é também um café, um salão de chá e, sobretudo, um porto de abrigo. Comentávamos entre nós a criatividade de cada menu, o arranjo esmerado de cada prato, a surpresa de cada sobremesa, tudo a preços que não são propriamente módicos mas são razoáveis, comportáveis. Houve algumas coisas tristes, partiu uma das irmãs que geria o restaurante, com aquela doença que bem sabemos pode ser veloz.
Fui despedir-me da minha segunda casa cor de rosa. Pensei que seria um bocadinho triste mas não tanto como foi. Um dos empregados mais antigos fez um esforço enorme para segurar as lágrimas enquanto conversava connosco, imaginava eu que tinham sido para mim seis anos importantes, afinal percebi como para eles tinham sido seis anos de entrega total ao espaço, já não falávamos de empregados mas sim de vidas.
Parece que irá abrir outro espaço, mais pequeno, mais rentável como agora se diz e valoriza. Não poderá ser igual jamais, embora deseje que corra bem. Duas casas cor de rosa numa vida tornam-na de facto bem menos cinzenta, ocorre-me assim um obrigada. E já saudade.
~CC~
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