Pensamos ir à praia e não conseguimos ir, sabemos que o pé na areia e os olhos no mar, mais um bocadinho de sal no corpo e não conseguiremos chegar onde queremos. Somos disciplinadas, obstinadas.
Está muito calor em casa e jantamos na varanda (até porque só temos a mesa onde trabalhamos e comemos e temos que estar sempre a tirar as coisas). Experimento receitas breves, outras coisas para nos fazer sair da rotina. Este mês há pouco dinheiro, vamos uma vez comer ao nosso local preferido, pedimos comidas diferentes para provarmos um bocadinho uma da outra.
Estamos tempo em casa, saímos por momentos breves, eu para reuniões, ela para as explicações, às vezes as duas para o mesmo café, outras vezes para cafés diferentes.
Pode parecer estranho mas há muito que não estava uma semana em casa com a minha filha, ela às vezes em Lisboa, eu quase sempre a andar pelo país todo, qual vendedora ambulante sem mercadoria.
O quarto dela tem as paredes cobertas de posters com muitos desenhos e números, os meus trabalhos estão organizados em montes pela casa. Vivemos num espaço muito pequeno, eu fico cheia de calor, às vezes quase sufoco, ela preocupa-se. Ela dorme muito tarde, fica a dormir pela manhã mais do que eu, às vezes quer acordar e não consegue, eu preocupo-me.
Temos respeito uma pela outra, muita amizade. Não precisamos de estar a dizer coisas como "gosto de ti" e outras coisas do género. Rimos juntas e isso significa muito. Às vezes resmungamos e isso também é importante, são uns salpicos salgados.
Agora vai acabar, amanhã já vou a caminho de Coimbra. A única coisa que persiste é que ainda estamos em períodos muito intensos de trabalho. Ela a repetir exames para tentar entrar em medicina, eu, entre outras mais ou menos mil coisas, em período de avaliação dos alunos, às vezes triste, outras verdadeiramente emocionada com coisas que escrevem, escreveram.
É esta a maneira boa de gostar, não sei, contudo, dar-vos recomendações, muito menos fazer coaching na matéria (ainda recentemente partilhei mesa de comunicação com uma empresa que o faz para pais/mães de adolescentes e pasmei). Vim até aqui navegando, olhando as ondas, desviando o barco, remando a direito e para os lados. Como mãe, sou feliz.
A felicidade não precisa de muito, só da sabedoria de saber aproveitar as coisas simples.
ResponderEliminarUm abraço
Não existe algo como «a maneira boa de gostar». Existem muitas maneiras de gostar, e creio que nenhuma será má se for acompanhada de respeito.
ResponderEliminarJá agora, boa sorte para os exames para entrar em medicina.
Pois é Deep, aproveitar cada ondinha.
ResponderEliminarSim Carlos, mas refiro-me aos filhos. E para esses respeito e liberdade são essenciais, não os sufocarmos com o peso de uma angústia que às vezes é só nossa. Quando digo "boa" é porque faz bem, faz bem gostar assim. E tudo o que faz mal, não é uma boa maneira de gostar. E olhe que há muito quem vá por aí.
~CC~