terça-feira, 1 de setembro de 2015

Férias - o melhor e o pior


O melhor

1. Os banhos de mar, mesmo com água fria. Conseguir voltar ao mar com menos medo, menos ansiedade, nadar um bocadinho para fora de pé. Aquela praia com pinheiros onde o carro fica quase sempre à sombra. 

2. A salada de morangos, espargos e queijo fresco que comia em frente à Ria Formosa, devagar, saboreando, a fazer tempo para ficar menos quente o sol. Melhor sempre que a filha estava lá e podíamos partilhar os petiscos.

3. A companhia no festival bons sons, esse fim de semana, especialmente o jantar em Tomar, junto ao rio, quando começou a chover em pleno Agosto e chegou aquele cheiro a terra molhada. Sabermos coisas uns dos outros, apesar de nos conhecermos há tanto tempo.

4. Os gins no quintalinho, preparados por ti com tanto cuidado, quase sempre com dois dedos de (boa) conversa.

5. Os fins de tarde na Galé, quando nos sentávamos sem pressa de coisa nenhuma, às vezes íamos ver o mar, nunca conseguimos apanhar o pôr do sol mas mesmo assim era bom.

6. O livro Galveias de José Luís Peixoto, o melhor dele desde "Morreste-me". 

7. Duas peças no Festival Internacional de Teatro de Setúbal: Quem me dera ser onda e Armazém 33. A primeira é a adaptação daquele que já era um dos livros da minha vida, excepcionalmente conduzida por uma actriz brilhante, sozinha ela faz todas as personagens do livro. Armazém 33 é pleno de frescura, de humor, de imaginação. 

8. O primeiro volume da trilogia Mil e uma noites, filme de Miguel Gomes. Delirante, irónico, surreal, o maior manifesto político contra o capitalismo selvagem que grassa pelos nossos dias.

O pior

1. Certos fins de tarde em que a angústia chega vinda de dentro das sombras que moram em mim.

2. Certos momentos em que a solidão não foi boa, em que sentir-me sozinha não combinou com liberdade e amor próprio.

3. Não ter conhecido nenhum lugar novo, fosse em Portugal ou no Estrangeiro, acordar num lugar e sentir que o dia será preenchido por o conhecer.

4. As notícias de Portugal e do mundo, nada que nos alegre, entusiasme ou faça vibrar. Demasiados acidentes, demasiados incêndios, demasiados cartazes imbecis,  entre outros...

5. Voltar a sentir, por vezes, que os portugueses são menos bem vindos no Algarve do que os estrangeiros.

E não sei como classificar isto: nenhuma vontade de trabalhar, nenhuma vontade de voltar ao trabalho. Como se tivesse perdido o jeito, o pé...espero que o entusiasmo volte, nem que seja devagarinho.

~CC~





1 comentário:

  1. Sei que não serve de conforto, mas é exactamente isto: «nenhuma vontade de trabalhar, nenhuma vontade de voltar ao trabalho. Como se tivesse perdido o jeito, o pé...»

    Também não conheci lugares novos (e tenho pena) e (com mais pena ainda) não vi nem senti o mar.

    Espero que sim, que o entusiasmo volte. Bom regresso. Um abraço.

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