quinta-feira, 26 de novembro de 2015

Dias de escola


Os "trabalhos", é assim que os (meus) estudantes falam da escola, do ensino superior. Dantes, no ensino secundário, diziam "os testes". Tenho a sensação de entre uma e outra coisa, não há mudanças significativas. O gosto pelo que se tem que aprender é diminuto. A vida é cheia de coisas que lhes dizem para fazer. Quando chegam ao 3º ano da licenciatura e lhes digo que lhes estou a propor uma actividade que é voluntária, são poucos os que se inscrevem. Quando lhes pergunto o motivo, aparecem "os trabalhos", preferia que me dissessem que não têm interesse por aquilo que lhes estou a propor. A questão é, porém, inversa, eles dizem que até gostavam, mas não podem. Para mim é difícil porque não sei bem o que é não poder, conheço sobretudo o não querer e às vezes também não quero. Consigo infiltrar nas aulas coisas que são outra coisa, de repente cantam, dançam e até podem dizer um poema, depois gostam, gostam muito. Cantaram uma música do José Afonso mas nunca tinham ouvido falar dele, estranharam a melodia e ainda mais a letra. Mas aquilo não é a escola, afinal não deu trabalho nenhum. Sei que é disto, destas coisas, que um dia se lembrarão. 

~CC~

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