terça-feira, 25 de julho de 2017

Um mapa sonoro



Caminhar é um ingrediente recomendado a par de uma boa dose de proteínas. Não sou uma adepta radical nem caminho desmesuradamente ou sequer em grupo. Vou quando posso, às vezes sozinha, outras com com companhia, mais vezes sozinha. Gostava mais de caminhar em trilhos pelo campo mas isso é mais raro, normalmente vou pela cidade, sempre a caminho do rio, já que a água exerce em mim um fascínio terapêutico.

Esta manhã cruzei-me com muitas pessoas que caminham sem som, ou melhor, com a sua música encaixada nos ouvidos. Uma delas até cantava o que ouvia. Olho-as com estranheza, não sei como será, mas palpita-me que não iria gostar. O que levo destas caminhadas nem é tanto o que vejo, é mais o que oiço. As vozes dos homens do mar no porto, o piar das gaivotas, o som dos aspiradores nos restaurantes, o vento nas folhas, um carro que trava mais vigorosamente, em certos lugares os risos e os gritinhos das crianças. É uma cidade inteira que tem ruído e cujo som dominante muda de lugar para lugar, é como se ao escutá-la pudesse um dia fazer dela um mapa sonoro.

~CC~

7 comentários:

  1. também caminho sem som e a maior parte das vezes sozinha, quando calha, sem obrigação. caminharia consigo com prazer :)

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  2. Quando vou caminhar também gosto de ouvir os sons do mundo à minha volta. Acho até perigoso ir assim pela rua (dependendo, claro, do local) com "phones", sujeitando-se eventualmente a acidentes.

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  3. CC, compreendo o seu ponto de vista, mas também entendo o dessas pessoas que caminham com phones. Talvez já tenham muito tempo disso, já sejam como que "profissionais" da coisa e caminhem mais por obrigação do que por prazer.

    Prefiro fazer exercício em ginásio, o que faço diariamente, e apenas tenho actividades na rua quando o ginásio promove programa especial ao ar-livre ou o clube de running está activo.
    Sim, também é estranho.
    Faço sempre exercício físico ao som de música, do próprio ginásio. Quando venho para a rua não, até porque é em grupo e eu não tenho phones.

    Se fizesse na rua e sozinha, talvez ao fim de algum tempo, e de vez em quando, pusesse música.

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  4. Ana, ainda havemos de caminhar juntas na praia (embora eu ainda não tenha percebido bem onde mora, só sei que é a norte).
    Luísa, em Faro um miúdo morreu na linha do comboio por ir com os phones postos, é mesmo preciso cuidado.
    Também compreendo Isabel, embora, como a Luísa, ache um bocadinho perigoso. Mas eu sou mais dada à observação do mundo, ou neste caso, à escuta sonora.
    ~CC~

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  5. Ana, que coincidência...a minha irmã foi morar para aí há cerca de 3 meses. Hei-de visitá-la, havemos de caminhar juntas, deixemos passar a onda de gente que o Verão traz.
    ~CC~

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    1. vila do conde em agosto é insuportável.
      que bom CC. que contente que fiquei agora. mesmo :)

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