quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Que difícil dizer não



Tenho ali dois ou três convites para trabalho à espera que lhes diga não. Consegui finalmente responder a uma revista que no prazo pedido não lhes conseguia entregar artigo nenhum, pedi mais um mês. Nunca teria antes tido a coragem, sacrificaria as noites e os fins de semana. Agora ando a barricar sofregamente os fins de semana ou pelo menos um dos dias para o deixar livre para poder respirar, sentir-me, sentir-te. Fiz um compromisso comigo de sair da rotina um fim de semana por mês, arranjar um quarto com vista para a cidade, o mar, o campo. Consegui em Novembro ir a Arraiolos, em Dezembro ir a Sintra (há tantos anos que não dormia em Sintra), em Janeiro irei também. Talvez me aventure ainda este ano a apanhar um avião e ir mais longe, não obstante odiar aeroportos e aviões. Esse tempo suspenso é ar de que preciso mesmo para viver, é um ar que sabe diferente daquele que todos os dias respiro.

Mas penso e penso nas razões que fazem com que seja difícil dizer não, adio, vejo e revejo a agenda, penso que talvez possa se convidar mais alguém para dar resposta comigo. E já percebi que não é a questão do dinheiro, esse é sempre pouco em relação ao trabalho solicitado. Aceitei fazer uma colaboração sem sequer saber se é paga, mas fui incapaz de dizer não só porque o título sabia a água com açúcar e quem me convidou passou mais ou menos pela mesma doença que eu e tem tido sempre uma palavra amiga. Tento analisar o que me faz ser assim e não chego a conclusão alguma, às vezes penso que é mera vaidade, que aceito por me sentir honrada, o que se levar bem fundo é o mais velho problema do mundo, aquela velha falta de amor que vem de uma falha básica. Mas não é por aí que se colmata, como não aprendo.

~CC~






4 comentários:

  1. CC, que não nos esqueçamos que somos as pessoas mais importantes das nossas vidas, que não temos vinte ou trinta anos e por isso há menos tempo para errar-corrigir-errar..., e que por isso e mais umas tantas razões vale a pena apostarmos em nós no sentido de procurarmos fazer o que nos faz sentir bem (respeitando os outros, obviamente).
    Bom dia!

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  2. CC, também fui aprendendo a dizer que não.
    muitas vezes ainda o calo na garganta, outras trava-se antes de sair da boca, mas é uma aprendizagem que gostei de fazer.

    também guardo um dia para mim, ao fim-de-semana. é o meu tónico.
    bom resto de semana.

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  3. Isabel, gosto dessa ideia de sermos as pessoas mais importantes da nossa vida, vou guardar!
    Laura, tónico, é isso mesmo!
    ~CC~

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  4. O domingo é o dia em que digo não. Aliás, é dia de greve geral, sem serviços mínimos garantidos.
    Perguntava-me eu, hoje mesmo: há quantos anos andamos por cá, CC?

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