Uma semana de muitos encontros, festas e festinhas, muitos dias a comer fora. Tudo isso a par de muito trabalho,.
Alguns na minha cidade, um fora, esse ficará talvez para outro dia.
Num deles só se pode comer a vista que é linda, de tirar a respiração. A comida é dispensável, nem sei como é possível fazê-la tão sem sabor. Pedimos picante, sempre disfarçou.
No outro, sem vista, numa ruela escura delicio-me a ver a senhora, já de bastante idade e a arrastar uma perna, a tirar do expositor de peixe as folhas de couve onde os exemplares de várias espécies repousavam. Grandes folhas, muito verdes. Lembro-me que era comum vê-las nos expositores por baixo do peixe mas agora é uma raridade. O sabor da comida anunciou-se logo pelo cheiro. Uma pena a televisão ligada e as flores de plástico.
Eu gosto de quase todos os lugares, dos mais finos e gourmets, às tascas mais recônditas, aos restaurantes que ficam no interior de clubes desportivos/recreativos que são quase só para os sócios, aos recantos de comida ao ar livre em festivais e outras coisas do género. Gosto de perceber o que é, como é, de quem é, quem lá vai, como se vai lá. Há muito para além da comida e há a comida. A senhora das folhas de couve e as folhas de couve eram por si só um achado, qualquer coisa de singular que registei nos meus sentidos todos. O meu mapa dos paladares é feito destas pequeninas coisas, um lugar que me ficou por uma coisinha pequena, não o esqueço mais.
Não me encanto com qualquer coisa mas há tanta coisa que me encanta.
~CC~
Não gosto de todos os lugares, enjoam-me multidões e sítios em que se come com muito barulho por me parecer sempre que qualquer refeição deve ser momento de pausa e o barulho cansa a mente. Mas, sobretudo, não gosto de comer mal e de pouco asseio. O resto posso gostar mais ou menos, mas relevo. Quanto ao barulho da TV, que também abomino, fui forçada a habituar-me em casa.
ResponderEliminarFolhas de couve sob os peixes nunca vi. Mas também é verdade que, ao invés da CC, as refeições são em casa; conheço muito pouco do que vai por esse Portugal em matéria de gastronomia.
Este fim de semana, os meus paladares andam pelos comes e bebes das festas populares da minha terra. Coisas como jantar de milhos, galinha com grão, salada de polvo, xerém, filhós, carriços, morgadinhos, café de borras... Com a ventania que tem feito, fica tudo (roupa e cabelo incluídos) aromatizado com o fumo dos fogareiros mas ninguém se importa. :)
ResponderEliminarBea, as couves são por baixo do peixe, não por cima, amparam-no e protegem do gelo que fica por baixo das folhas. Eu também gosto de comer em casa, aliás levo a casa para a rua, pois levo lancheira todos os dias para o trabalho. Mas também gosto de andar por aí a experimentar coisas, sobretudo as que não faço em casa...e também são os desafios das companhias:)
ResponderEliminar~CC~
Luísa, tudo isso é extremamente inspirador, que vontade tive de me por a caminho:)
ResponderEliminarCarriços não conheço, de tudo o resto acho que já experimentei...e xerém aprendi a fazer com a minha mãe, dizem que bem!
~CC~
CC, o mais certo é conhecer os carriços, embora não por esta designação. São suspiros com amêndoa laminada. :)
EliminarNo sábado fomos almoçar à cidade azul a comemorar os 83 de minha mãe, independente e autónoma, glicose na fronteira ora passa logo retorna, que Deus a conserve e me conserve pois só nos temos aos dois, os outros são de outro sangue ou não estão por inteiro.
ResponderEliminarAlmoço comido, passeio à margem do rio, por ventoso logo apontámos ao centro a ver e ouvir o concurso de bandas filarmónicas, que bem toca a centenária Capricho.
Caminhar pelas ruas estreitas dos centros das cidades com história também me ensina sobre as ditas e suas gentes, e, como a CC (como eu a entendo) gosto de perceber o que foi, como foi, de quem foi, quem lá vai, como se vai lá. Há muito para além da comida; na verdade não sei se é pretexto se recurso. Como dizia um amigo meu que adorava as sobremesas de um determinado restaurante, "vou lá comer os doces... e aproveito para almoçar".
Joaquim, que bonita essa ligação à sua mãe, compreendo-o. E de quando em quando vem aqui à minha cidade azul...gosto muito da Capricho também. Aproveite o festival de teatro no fim de agosto, é um dos momentos em que mais gosto de estar aqui, agora que já não há Festróia que frequentei anos a fio.
ResponderEliminar~CC~