Só podia ser de grandes aguaceiros o dia em que morre um escritor do Chile. É assim que me chega sempre o Chile, um país de nevoeiros, mais frio do que quente, mais circunspecto e melancólico de que qualquer outro país da América latina. Parece que também tem calor e deserto, mas não consigo imaginá-lo. Um lugar onde não há tango nem há samba, talvez pudesse ter fado. E os povos que vivem longas ditaduras têm sempre algo de triste e resiliente. E em comum connosco essa estreita língua de território comprida, toda voltada ao mar, fazendo com que a paisagem seja muito variada e as culturas também. Parece que também chamam ao seu país uma terra de poetas, como nós fazemos.
Luís Sepulveda poderia facilmente passar por um de nós, não obstante ter escolhido outras duas pátrias como suas: Espanha e França. Eu gosto de pessoas com muitas pátrias, que vivem circulando entre fronteiras, talvez em busca de si mesmas. E de pessoas que falam com animais e com plantas e mesmo com estrelas e com anjos.
~CC~
Quem sabe Luís Sepúlveda foi falar para outro continente, conhecer outra pátria. A nós deixou-nos os livros.
ResponderEliminaré um dia triste...
ResponderEliminarQuando penso no Chile, penso na Patagónia, mas também em Santiago à chuva (daí o Piazzolla que lhe enviei ontem), penso naquele povo sofrido, no Sting a cantar o They Dance Alone, no Missing do Costa Gravas, no Salvador Allende (também na sobrinha Isabel, que tanto li) e no Luis Sepúlveda, escritor que me foi sempre acompanhando desde que li O Velho que lia romances de amor e o do Gato e da Gaivota.
ResponderEliminarGostava dele como escritor e como ser humano.
Parte II.
ResponderEliminarEsta coisa interrompeu, sabe-se lá porquê...
Escrevia eu que ontem tive um desgosto literário, e há pouco tive outro, na área da representação.
Nem quero acreditar que o Filipe Duarte morreu. Vi há pouco na tv e parece tão irreal: era o meu actor preferido e caramba só tinha 46 anos, e uma filhota para criar. A vida não é mesmo justa e, ~CC~, ele era da sua querida Angola.
Estou mesmo triste, caraças!
Três dias de chuva diluviana, as circunstâncias que já sabe e todas estas mortes de pessoas que eu tanto admirava...
Espero que esteja tudo bem por aí.
Abracinho
🌻