quinta-feira, 17 de outubro de 2024

À bolina

 

Sonhou uma família grande e teve-a. Não são todas as pessoas que têm quatro filhos, só talvez as muito corajosas. Contudo, a harmonia que idealizou, um grande piquenique com todos a partilhar a merenda, a rir e a brincar, esse ficou fora do postal.  Tenho muito carinho pelas suas lágrimas, entendo-a. 

Mas as famílias não são coisas que possamos sonhar, são mais barcos no mar aberto e devemos aprender a navegar à bolina. 

~CC~

2 comentários:

  1. Concordo "as famílias não são coisas que possamos sonhar". Conheço quem fez uma casa de três andares para os pais e para os filho e acabaram a morar sozinhos numa grande casa vazia.
    Um abraço

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  2. As famílias são um organismo por vezes muito complexo. Mas se essa pessoa tem a CC ou outras amigas/amigos que lhe entendam as lágrimas, é um conforto. Julgo que pode existir gente que não se atreve ou não é capaz de lágrimas cujas, bem vistas as coisas, são uma espécie de catarse, aliviam. E também há gente que não tem ombro onde chorar. Porque é como diz, a família começa por ser um sonho partilhado e vai-se concretizando o sonho até onde o sonhador, a vida e os outros deixam. O que sobra é sempre realidade - tanta vez não sonhada; o que não é forçosamente um mal, a vida tem de ter surpresas. Andar à bolina lembra-me a caninha verde de Fausto e mais o "navegar, navegar".
    Boa tarde, CC.

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