terça-feira, 2 de dezembro de 2025

Vinho quente com bagas de romã



Penso neste Dezembro que entrou tão atípico, desfeito das minhas poucas rotinas. O grupo dos amigos que não se juntou na aldeia alentejana pois as mortes dos seus entes queridos mais velhos invadiram-lhes a casa e retiraram-lhes a energia para tal. A carga excessiva de trabalho a agigantar-se numa ansiedade colectiva de tudo ter que estar pronto antes que o novo ano entre, calendários de contas que nunca foram os meus e agora se me impõem, acorrentados a projectos e verbas europeias que nos deixam à beira da esquizofrenia. Na maior parte das vezes penso que só queria dar aulas em paz, sem as outras coisas que dobram o tempo que lhes dedico. E os meus olhos cansados nos olhos deles cansados, vejo-nos em espelho e, é talvez nessa simetria, que ainda assim nos compreendemos. A aula acaba e é já noite.

A estrada do Sul por fazer, cada vez mais abandonada, até para a comemoração maior do mês. Este ano, outras latitudes e que esforço foi encontrá-las. Uma família que consegue não naufragar no Natal é, apesar de tudo, grande.

E, contudo, devo dizer, Dezembro é o único mês do ano em que me apetece meio copo de vinho quente com bagas de romã.

~CC~

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