sábado, 27 de julho de 2013

Imperativo categórico e dúvida existencial



Não sei o exacto momento em que todas elas começaram a pintar unhas de pés e mãos. Dizem por aí que foram as mulheres brasileiras as responsáveis pela cor vermelha e que depois tudo se generalizou. Agora há unhas pintadas de todas as cores, não apenas nas mãos mas também nos pés. Vieram as de gel: cheias de flores, abelhinhas e pintinhas. Primeiro incomodou-me e depois comecei a sentir-me cada vez pior nas minhas unhas descoloridas. Não posso fazer nada às das mãos, estou outra vez com as unhas estupidamente roídas: sim, é muito feio. Olho para as dos pés e hesito a cada Verão. A pintura é transversal às idades, às classes sociais, aos estilos. Passei a sentir-me um ET. E, no entanto, pintá-las seria sentir-me estranha em mim. É isto a moda, um imperativo que nos condiciona e que nos faz sentir ao lado de qualquer coisa e não lá dentro.
 
Ninguém é tão vulnerável a isto - o imperativo da moda- quanto as mulheres. Se têm aquela idade em que já não são novas e lindas mas não querem ainda dobrar a idade para o lado das mais velhas, pior ainda. Se em parte nos incluímos nisto e em parte nos excluímos (um bocadinho na moda e outro nas tintas para ela) lá ficamos naquele limbo com o espelho das dúvidas sempre pendurado em nós: pinto ou não as unhas dos pés?!
 
 
~CC~

3 comentários:

  1. hum... então, mas pintas-te ou não

    bjos
    Ernesto

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  2. Bem, a adolescente cá de casa tem feito umas investidas sérias com os seus vernizes de mil cores: escolho-te um discreto mãe! :)
    ~CC~

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  3. É a loucura das cores e dos efeitos especiais, sim, transversal, sim :) Pessoalmente atravessei a adolescência e a juventude sem as pintar... agora vou pintando, às vezes, mais por uma tola vontade de não ser muito ultrapassada e estar fora de moda do que propriamente por ser-me essencial. Enfim...

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