terça-feira, 20 de dezembro de 2016

Abraços como combustível de luta



O que quero para mim neste Natal?

Simplesmente manter a normalidade. Isso significa que a matriarca fará o pudim de laranja, ainda que com ajuda, é que os seus 88 anos permitem, há muito que as filhozes fininhas da sua especialidade tinham passado para a minha área de intervenção. Este ano, a minha falta de força no braço direito não as permitirá fazer. Não lhes sentirei assim tanto a ausência porque a vida se faz tanto do que permanece como daquilo que se vai e eu introduzi pelo menos um novo doce que se tornou querido de todos.

Isso quer dizer que nos tentaremos manter juntos, pelo menos um núcleo duro, constituído pelas pessoas com as quais passo o Natal desde a minha infância, as duas manas, a minha mãe. Os que vieram depois, os nossos filhos. Também alguns dos pais dessas crianças, algumas já adultas. Senti imediatamente e inicialmente que a minha doença seria um motor de desagregação deste núcleo duro, era na casa do meu amor que o Natal se passava nos últimos anos e tinha conseguido o milagre de juntar a cada ano mais gente, não perder ninguém. Mas não era capaz de fazer o mesmo, de os receber no mesmo sítio e da mesma maneira. E então nós que somos do Sul iremos rumar mais a norte, a uma aldeia que quase ninguém conhece, a uma casa que pertence tão só ao pai da minha filha. E não quero usar palavras técnicas como famílias recompostas, novas ou o que quer que seja. Isto é só uma família, uma forma de se ser família, não se consolida por laços de sangue mas por abraços que se precisam para enfrentar a turbulência em mar alto. Esta família anda como o mundo, intensamente assolada por tempestades e maleitas (não apenas eu), pelo que todas as provas de sobrevivência dos afectos são o ingrediente principal da mesa, da festa. É isso que espero. Abraços como combustível de luta.

~CC~


PS. Desejo assim a todos vós que recebam pelo menos neste um abraço genuíno e quente neste Natal e que a vossa luta, seja ela qual for, se alimente com ele.





6 comentários:

  1. Tem um bom Natal CC, que as tuas "tempestades" se aclamem e por fim desapareçam.

    Beijinho

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  2. que bom, CC! muito, muito obrigada.
    Feliz Natal :)

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  3. Feliz Natal e, acima de tudo, um excelente 2017! Que seja o ano em que sairá vitoriosa dessa luta com um inimigo desigual. Forte abraço.

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  4. Agradeço e retribuo o abraço e as palavras bonitas. Muito obrigada, CC. Tudo o que escreve serve de combustível de luta.

    Um Feliz Natal para si e para os seus

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  5. CCF, um abraço apertado de quem te lê com grande admiração e quem te acha um exemplo de luta.

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  6. Carissímos Laura, Miss Smile, Carlos, Ana, no quarto andar...
    Obrigada por virem, pelo apoio.
    ~CC~

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