segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Quase feliz



Nunca tinha achado o Outono tão belo. Demorei tempo e tempo a olhar o modo como as folhas vestiam o chão. Demorei tempo a ver as árvores daquela alameda, os seus troncos ocos onde as aves fizeram ninhos. Demorei tempo para espreitar se entre as sebes havia cogumelos. Abri e fechei o guarda chuva muitas vezes, ainda assim sempre contente por poder sentir a rua, o dia, o vento no início da noite.

Encontrei também uma aldeia a que poderia chamar minha. Não chamarei porque não fica no meu caminho, apareceu do nada para manter o meu sonho vivo de um dia ter uma aldeia. Pensei em tudo o que faria nela, com ela. Os amigos riram e comentaram que seria uma revolução. Mas não sou já capaz de tal, faria antes umas ondas pequeninas, qual mar em dia sereno.

Fui capaz de dormir fora, mesmo com a bomba infusora presa à cintura. Senti-me bem, quase feliz. Não sou, contudo, capaz de tirar este quase.

~CC~

3 comentários:

  1. mas é um 'quase' tão bom :)
    boa noite, CC

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  2. Sim Ana, um quase muito bom.
    Laura, sim, nos dias das vitórias sinto-me sempre muito feliz, espero por esta.
    ~CC~

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