É de noite que os fantasmas voltam amiúde, aproveitando o meu ego desligado.
Duas noites de pesadelo. Numa, a morte a rondar, sempre a perseguir-me, a detonar em coisas tão concretas como os travões avariados, o cinto do carro cortado, o elevador sem freio. Sem nomes concretos de quem me queria tão mal, só as sombras, as suspeitas, esse irracional chamado mau olhado. Noutra, a traição sempre à espreita, um ente amado sempre rodeado de muitas amigas, a clarividência do que está à mostra mas o outro não vê ou não quer ver, essa atracção pelo abismo feminino que sempre o toca mais do que qualquer dor de outro ser mais próximo, às vezes do próprio sangue. Amizades que de dia são apenas incompreensíveis na sua estrutura relacional mas à noite se concretizam em traição efectiva. Seria demasiado simples pensar numa conversão do ciúme, é antes um mal estar pequenino que vem de muito longe e nunca morreu por completo, por mais que os dias difíceis o tenham quase apartado.
O que apagamos com tanto desvelo e cuidado à luz do dia, abafando sombras como quem tricota uma camisola, como é que a nós retorna em dor nocturna, desfazendo a malha feita.
~CC~
A razão resolve fazer uma pausa e eles apoderam-se dos sentimentos.
ResponderEliminarLuísa, não há como dominá-los por completo!
ResponderEliminar~CC~