domingo, 21 de outubro de 2018

Não vás depressa demais



Sabes que quando atravesso o Alentejo pelo Outono não posso ir muito depressa, mesmo que queira muito chegar a casa. Se a Primavera traz o deslumbramento da terra, o Outono traz-me o mais belo céu. As nuvens adquirem todas as tonalidades entre o branco e o negro e ainda se mancham por vezes de rosa. Ora se fecham totalmente à luz, ora se deixam trespassar por ela, criando jogos sublimes de opacidade e transparência. E as texturas variam entre o denso e o esfarrapado, em mil desenhos de configurações múltiplas, ali uma estrela, ali um urso, um quase rosto.  Vincet (Van Gohg) teria amado esta planície. Não vás, nunca vás demasiado depressa quando os lugares são belos. Faz o mesmo com as pessoas, demora-te nas que te encantam.

~CC~


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