Ainda se coloca a etiqueta frágil nas coisas? Tenho visto pouco. Em certos dias apetece-me colar isso em certas coisas, em última instância em mim mesma. Certos momentos são de uma consciência absoluta disso. Conto-vos.
A ilha de Faro, incorrectamente designada assim, é apenas um estreito de areia entre a ria e o mar. Quando subi a primeira vez a uma casa na qual iria ficar uns dias, tive consciência absoluta de que o mar facilmente varreria aquela faixa de areia pejada de casas de uma assentada. Depois pensei pior, se houvesse um sismo, seguido de um maremoto, tudo acabaria em poucos minutos. Pensamentos que nos estremecem e não conseguimos impedir.
Dois dias depois, à hora do jantar, todos sentados à mesa. Tremeu o armário dos copos, vi a parede estremecer e uma porta que estava aberta fechar-se, todos pensaram no vento que por aqueles dias era forte, mas eu disse imediatamente: é um sismo. Minutos depois a confirmação, tinha-se sentido em toda a zona de Faro e Quarteira. Felizmente os 4,5 da escala mantiveram-nos seguros. Mas sentiu-se bem e se não entrámos em pânico, houve algum receio. Felizmente o mar não mostrou outro perfil que não as suas ondas habituais. Mas esta praia é toda uma tragédia ambiental, as casas deviam ser retiradas, apenas devia ser possível usufruir de praia e quanto muito caravanismo e campismo, alguns bares de praia, preferencialmente de madeira. Ao contrário, prevê-se uma ponte nova, ou seja, mais carros num local em que o estacionamento já é absolutamente caótico.
Não conseguimos viver sentindo-nos sempre frágeis, a insegurança que tal nos traz tornaria a vida insuportável. Mas a alguns faria bem perceber que tudo o que têm, sobretudo essa coisa chamada bens materiais, pode ser pouco mais que nada.
~CC~
Já pensei tudo isso em relação a Tróia que é península e amo com as três letras. Não será tão periclitante como a ilha de Faro que julgo desconhecer, mas talvez conheça. No Algarve, já uma vez fui de barco para a praia, quem sabe se para a ilha de Faro. São casas de férias muito mais esplêndidas que as habitações de todo o ano da maioria dos portugueses. E um dia, se o mar decida, tudo galga e invade. E lá se vai o património individual.
ResponderEliminarToda a beleza tem um quê de frágil, mas mais frágeis são os humanos, todos os humanos. Será defeito de fabrico. Ou feitio.
Tróia ainda que com alguma fragilidade, é bem maior....aquilo é só mesmo uma faixa de nada entre a ria e o mar, pelo menos ali, naquele lugar. Quanto aos humanos, deviam ter mais consciência dessa fragilidade.
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