Flutuando na água saturada de sal, depois com o corpo coberto de argila, e novamente entrando para me lavar na água salgada, não valorizei apenas aquilo que queria fazer e fiz, como lamentei tudo o que em cada Verão quis fazer e não fiz. Tantos desejos tolhidos, tornados quase ridículos, feitos ruir. Logo eu que podia tantas vezes ter rasgado o céu como um cometa, afinal fui tantas vezes um pirilampo, uma luzinha trémula na noite. E em nome de quê, pergunto-me.
Mergulhei no mar entre os pingos de chuva, sem ouvir nenhuma das vozes que me puxava para trás, afinal o sol acabou por me visitar também e a tudo agradeci e com tudo me misturei e ao cansaço disse nada, vencendo-o cada vez que fechava os olhos e sentia-me a respirar.
~CC~
Poderia a CC, ser realmente, muita vez, como um cometa rasgando o céu?! Mas um cometa é tão, mas tão esporádico, está-lhe na génese ser o que é; os pirilampos sim, são anualmente estivais e, tal como os cometas, não existem para ser vistos, apenas existem e cumprem a sua trajectória. Assim nós. A nossa vocação de cometa é esporádica e súbita. Fica o rasto, a imagem fugaz de termos riscado o céu num momento que nos pertence. Que também ele, em brevidade, se dissolve. Tanta vez somos pirilampos (e porque não?). E tantas outras se apaga a nossa chama pequenina e tudo é breu. Que, de tudo isto somos feitos. O bom, o óptimo é que, com ou sem banhos salgados, argila ou o que seja, sempre renascemos e alimentamos a candeia. Se os homens fossem deuses seriam pura luz. Sendo humanos, circunvagam entre luz e sombra e dentro da luz são vários.
ResponderEliminarGostei de saber que as férias lhe trouxeram a serenidade e paz necessárias.
Olá Bea, a comparação residia apenas na intensidade da luz. Apaguei-me muitas vezes, mais ainda que os pirilampos, que ainda assim brilham devagarinho no escuro:)
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