terça-feira, 26 de março de 2024

É só sobre o incómodo do tempo...

 

A Primavera quis aparecer mas veio cheia de poeira, as plantas e as flores ficaram cobertas dela. Em vez de ficar e nos deixar apreciar a brisa ligeira e o alívio dos casacões, partiu rápido e deixou-nos Inverno de volta. Não era essa a sucessão natural. E aí reside o problema, já não conhecemos o tempo, ele deixou de nos ser confiável. Ele e quase tudo. Já nada parece ser suficientemente seguro, estável, permanente. A volatilidade das coisas traz-nos insegurança e uma dúvida cada vez mais acentuada sobre o nosso futuro e o deste planeta. Podemos encolher os ombros, por certo já cá não estaremos. Mas não fiquem assim tão tranquilos, deixamos cá os nossos filhos e os nossos netos e provavelmente bisnetos, tão humanos como nós. Além disso as tragédias às vezes emergem mais rápido do que pensamos.

Ainda bem que não guardei os casacos nem as camisolas, quem sabe se em Agosto preciso delas. Mas isto é sobre sobre o incómodo do tempo, já por certo sabem que não me dou bem com o frio.

~CC~

5 comentários:

  1. Julgo que o planeta vai continuar sem nós. Transforma-se, perde atmosfera, sei lá. O que tiver de vir, vem. Não tenho certezas acerca do timing, pode mesmo ser no nosso tempo. E que faremos de diferente, CC?! Nada. Não temos poder de decisão nas grandes coisas do mundo. Nada excepto ter consciência do nosso fim pessoal. Embora indeterminado no tempo, está certo e perto. Resta viver tentando ser humano até ao fim e grato pelo vivido.
    A primavera nos últimos anos quase não existe; e é como disse, quando venha, é aproveitá-la cada um como sabe ou mais lhe falta.
    Boa noite

    ResponderEliminar
    Respostas
    1. Como bicho mais poderoso do planeta somos responsáveis pelo que lhe fazemos. Pouco podemos é certo, sobretudo individualmente. Mas há sempre um bocadinho que nos cabe, eu ainda erro muito e gostaria de melhorar algumas coisas na certeza de que isso é ínfimo e só tranquiliza a minha consciência. Bom dia e boa Primavera molhadinha:)

      Eliminar
    2. É a isso que chamo tentar ser humano até ao fim:).

      Eliminar

Passagens