quinta-feira, 26 de setembro de 2024

O Algarve no Outono


Olhando para o lado direito a vista maravilha-se, que lindas enseadas que se recortam nas rochas, deixando aqui e ali passar o mar. Quem não viria até cá olhando para a foto, provavelmente o que as agências de viagens mostram. Não olhem, contudo, para o lado da terra, deixem apenas os vossos olhos poisados nas ondinhas de espuma e no horizonte.

Se virarmos o rosto para a terra, o monstruoso cenário aparece e retira-nos qualquer suspiro maravilhado, são dezenas de prédios de várias cores, algumas bem feias, amontoados na desordem que foi a construção entre a Praia da Rocha e o Alvor. O Outono levou os banhos de mar e no cinzento da paisagem o lixo aparece inclemente, os buracos da estrada tornam-se visíveis e o verde das falésias aparece descolorado e tristonho. Não quero pensar para onde correrão os esgotos desta enorme malha urbana, a maior parte vazia e a outra parte habitada por quem vem com as promoções de final de época.

Na verdade quase não oiço falar Português, o Inglês é a língua franca destes aposentados ingleses e americanos que salvam os cafés e restaurantes de uma falência previsível, talvez alguns sejam alemães. Os empregados de mesa também falam Inglês mas são predominantemente asiáticos. Alguns deles insistem na praia e há alguns na água, afinal foi para isso que vieram, não importa o chuvisco. 

O Inglês proprietário do restaurante onde almocei e onde só havia falantes de Inglês fez questão de usar o seu parco português para falar comigo, talvez afinal ele tenha chamado Jacarandá ao lugar na expectativa de se cruzar com povos latinos e aspirar outros perfumes. Já eu devia ficar mais tempo para praticar o meu Inglês sem ir a Inglaterra. 

~CC~



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