Ontem fui ler uns textos no aniversário de uma biblioteca que muito frequento. Eu e mais umas quantas pessoas, elas por serem habituais nas oficinas de escrita criativa que a instituição dinamiza. A mim falta-me o tempo para me inscrever e a crença de que tal fará de mim uma escritora melhor. Contudo, acredito que seja algo de positivo, pelo menos assim o partilharam. Cada um leu textos seus e de outras pessoas e ainda lemos todos juntos uma pequena quadra.
O público não era muito e por isso não pude deixar de notar no homem de telemóvel na mão a filmar. É coisa que me chateia muito alguém filmar sem pedir consentimento. Contudo, percebi que não tinha com o que me preocupar. Ele filmava apenas uma pessoa quando ela lia. Era uma mulher grande, de cabelos todos brancos, sorriso largo, nem bonita nem feia, mas de alguma forma parecia estar em paz, transmitia isso. Num determinado momento, ela leu uma pequena poesia intitulada Narciso que evocava sol e que acabava em amo-te. Disse-a a olhar para o homem que filmava e que se emocionou. Ficou então claro. Depois alguém comentou que eram marido e mulher desde sempre, ele aparentemente um pouco mais novo, por isso não efectuei logo aquela ligação.
Como é belo um amor que perdura assim. Mas não queiram saber o segredo, não há. Cada amor destes é absolutamente singular.
~CC~
Espero bem que o Narciso seja a planta e não o gajo do mito. Seria esquizóide, no mínimo. Boa noite. :)
ResponderEliminarOlá Diogo. Todos os pequenos textos ou poemas eram sobre plantas ou árvores, creio que com inspiração na lírica camoniana, tinha sido esse o mote da dita oficina...por isso era mesmo a flor e não o mito...eu acho que a inspiração dela foi o amarelo e o sol, coisa que fez combinar com amor.
Eliminar"Amo-te" é termo que sempre me soa mal. Não gosto sequer de a ouvir pronunciar e escrevo-o sem conotação pessoal; hoje as mães dizem-na aos filhos quando se despedem deles na escola (já ouvi várias vezes); perdeu o sentido namorado que, diga-se de passagem, nunca teve antes. Hoje banalizou e serve a vários amores. Talvez seja o melhor.
ResponderEliminarOs amores, havendo amor, são todos singulares e sem receita. São. O facto de existirem faz bem à alma de quem os vive e também a quem pode/acontece presenciá-los.
Boa noite, CC.
Não?! Eu gosto, tem muita força. Mas também me espanto com a banalização, creio que até há uns 10 anos atrás tinha o contexto claro de relação amorosa entre dois adultos...deve ter sido algum/a influencer/a ou muitos/as:)))
EliminarQue força? É uma palavra átona, de fonia desagradável e toda fechada em si; parece-me só servir para dizer em segredo.
EliminarAh, ah...só a Bea. Mas concordo com a parte do segredo no que me diz respeito.
EliminarEssa cena é muito tocante, pois a leitura da poesia "Narciso" cria uma união profunda entre a mulher e o homem que a filma. A evocação do sol simboliza luz e esperança, enquanto a declaração „amo-te“ revela sentimentos intensos e sinceros. A emoção dele ao ouvir essas palavras mostra como a arte pode tocar o coração e criar laços entre as pessoas, transformando um momento simples em algo memorável e cheio de significado.
ResponderEliminarFoi bonito sim, obrigada por entender o momento.
EliminarFelizes os que acreditam no amor que dura... que dura.
ResponderEliminarUm abraço.
Eu não acredito, eu sei que o amor dura eternamente, quando esse amor é verdadeiro.
EliminarDesculpem a intromissão 🧐
Acreditar e viver são coisas diferentes. Eu acredito, mas não me aconteceu, tenho pena mas não me dói. A cada um uma vida irrepetível.
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