Os fins de tarde no Recife ficaram registados em mim. A partir das 17h e considerando que às 18h é de noite, as crianças e jovens começavam a afluir. Traziam bolas e enchiam os vários parques desportivos ao longo da enseada da praia. Às 18h, já com as luzes ligadas, continuavam a jogar. Era um ruído maravilhoso de gargalhadas e gritos. Praticamente não havia adultos, eles tinham vindo por ruas e ruelas até ali e gozavam aquele momento antes do jantar com uma alegria imensa. Era uma liberdade contrastante com aquelas que nós europeus em visita não tínhamos, mostrava o quanto eles eram daquele lugar.
Essas crianças e jovens apareceram aqui na rua e parece que por Portugal inteiro durante o apagão. De repente tinham na mão bolas em vez de telemóveis. E sabiam brincar. Eu que gosto de silêncio e estive sempre sozinha em casa agradeci-lhes tanto esse ruído vivo e intenso que vinha da rua, subia ao terceiro andar e parava no meu coração.
~CC~~
Isto já não é como era dantes. Tem os seus benefícios mas também tem os seus prejuízos.
ResponderEliminarUm abraço.
Como tudo, por mim institui-se o dia 28 de cada mês como de apagão voluntário durante pelo menos 8h.
EliminarQue experiência gratificante essa de não haver corrente eléctrica e os jovens relembrarem os nossos tempos, serem buliçosos e interagirem desligados de dedos e teclas. No Recife, em Portugal ou onde seja, é sempre agradável à vista e enternece o coração. Não deu para fazerem hábito, mas, para quem assistiu e viveu, foi um feito notável.
ResponderEliminarTambém gostei da minha experiência. Com poucos jovens. E, sobretudo os masculinos, juventude ciosa e pletórica, olhando os idosos que entravam nos autocarros de bengala sem mexerem o rabo dos assentos. Foram as jovens a levantar-se e ceder lugar; foram as mulheres que os ajudaram a subir, os protegeram com o corpo fazendo parede contra o montão de gente que empurrava, que gritaram por um pedacinho de tempo, antes que os estatelassem nos degraus.
Peculiaridades. Que também aconteceram.
Bom dia, CC!
Que grande coincidência estar em Lisboa nesse dia! Mais histórias para contar aos netos:)))
Eliminar