Os dias de praia da infância, lembram-se?
Os meus, na infância, não foram muitos mas foram muito felizes, entre a Corimba e a Ilha do Mussulo, na cidade de Luanda que era para mim a mais bela do mundo. Dizer-vos da água límpida como um espelho, da sombra dos coqueiros, da inocência maior e mais completa.
Na adolescência, já em Portugal, torrei ao sol sem protector, hora proibida, descanso para duas horas de digestão ou o que quer que fosse. Roendo uma maçã quando calhava, uma sandes mista, água que se trazia de casa. Livre como um passarinho, mais próxima de uma miúda de rua, do que outra coisa qualquer. Quase sempre (mal ou bem) vigiada por uma irmã mais velha, tão ou mais livre que eu.
Hoje na praia uma criança dos seus cinco anos foi obrigada a tomar um banho que não queria. Primeiro a tentativa do pai que esbarrou nos berros bem altos do miúdo, depois a mãe, gloriosa, quiçá mais poderosa que o marido, levou-o até à agua enquanto ele esbracejava e chorava e mergulhou-o. Depois, ainda choroso, foi obrigado a comer uma sandes e umas batatas fritas de pacote. Uma educação esmerada, também em termos alimentares. Por todo o lado muitos e muitos brinquedos de plástico, nos quais não pegou uma única vez. Como se recordará esta criança dos seus dias de praia na infância?
Eu também resisti a entrar na água, estava fria, fi-lo depois, só quando me apeteceu. Muitas dias não consigo entrar, ninguém me obriga, os banhos de mar devem ser qualquer coisa da vontade de cada um. Eu tenho medo das ondas, cada vez mais.
Fazer as crianças felizes parece-me tão fácil, fazê-las infelizes parece-me tão difícil, como o conseguem num dia maravilhoso de (quase) Verão.?
~CC~
CC, lembro-me tão bem! são (ainda) dias plenos de cheiros a areia, sal, almofadas de tecido, liteiro, fruta em caixinhas, arroz embrulhado em jornal.
ResponderEliminaramor, laços e ternura.
Laura...e eu vejo meninos tão infelizes hoje, até na praia!
ResponderEliminar~CC~
Nunca vou entender as pessoas que obrigam as crianças a ir ao banho no mar...
ResponderEliminar