sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Descendo ou subindo pelo arco-íris (II)



Um novo amor, disse a mulher na beirinha dos cinquenta, a possibilidade de viver mais uma vez o amor.

Estudar o que sempre quis e não pude, disse a mulher que tinha passado poucos anos dos trinta.

Sair deste emprego, encontrar uma coisa que me faça sentido, disse o homem dos quarenta e picos.

Conseguir engravidar e gerar um filho até ao fim, disse a mulher quase nos quarenta.

Não quero nada, a sabedoria está em não querer, disse o homem que já tinha passado dos sessenta.

Tantos potes de ouro, a cada um o seu.

Pensar no meu pote de ouro era fácil, eu só queria vida, mais vida, mais anos de vida. Pensava nisso com certeza e sofreguidão.

Mas depois chegaram receios pelas vidas de outros e pensei melhor. A verdade é que por uma seguramente, duas provavelmente, talvez mesmo três pessoas até daria a minha vida pela delas. Não é um altruísmo tonto, pelo contrário, é até egoísta. Simplesmente a minha vida não faria sentido sem as delas. E assim se aprende a relatividade do que desejamos.

~CC~


7 comentários:

  1. Eu daria a vida pelos meus filhos.

    [Faz-me tão bem lê-la.] :)

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  2. "Mas depois chegaram receios pelas vidas de outros e pensei melhor. A verdade é que por uma seguramente, duas provavelmente, talvez mesmo três pessoas até daria a minha vida pela delas. Não é um altruísmo tonto, pelo contrário, é até egoísta."

    desculpa-me, querida CC, mas jamais concordarei com esta tese (sei que é relativamente recente e "cientificamente" comprovada): não, eu também daria a minha vida, por exemplo, para tirar um a criança desconhecida do meio de uma rua, ficando eu ali, passada a ferro. Se o faria por uma criança (mas sim, poderia ser um adulto) semlaços de sangue, o que faria eu por alguém com laços de sangue?

    A ciência serve para ser contestada, manter dúvidas.

    Abraço :)

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  3. Miss Smile, já somos duas:)

    Alexandra, não sei se a percebi bem, não me baseei em nenhuma teoria científica, nem tão pouco moral. Quanto aos laços de sangue podem ou não ser importantes, não são em si decisivos. O que é decisivo é o laço emocional. Perdoe-me, assim em pensamento acho que não seria altruísta (ou egoísta) ao ponto de dar a minha vida por um desconhecido mas quem sabe, em situação, até poderia mudar. Abracinho.

    Isabel, não sei para onde viajou o seu comentário...mas estava a brincar consigo, claro que eu sabia que não viria aqui revelar o conteúdo do seu pote de ouro ou caixa dos sonhos.

    ~CC~





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  4. daria, sim, a minha vida para tirar alguém de uma estrada (conheço-me :), alguém desconhecido (traço de personalidade: sou altamente reactiva).

    quanto às minhas pessoas, as de sangue, nem sequer vale a pena questionar...

    :)

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  5. eu já vi um arco-iris a começar ou a acabar, ali, mesmo junto a mim, a poucos metros, no mar. e não tinha pote :)

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  6. Não tinha?! Ana, que estranho arco-íris esse...:)
    ~CC~

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