quarta-feira, 14 de novembro de 2018

O meu teatro comunitário



Às vezes é preciso que passe muito tempo sobre um acontecimento para percebermos que foi bom. Outras vezes sabemos quase imediatamente. Foi isso que me aconteceu com a oficina que frequentei de teatro comunitário. Foram quatro dias muito intensos e praticamente não houve fim de semana e preciso dele, mesmo quando trabalho não sinto o tempo completamente tomado como senti desta vez.

Acho que o meu bom é só meu. Não é um bom de quem venera quem o conduziu, de quem enaltece as qualidades do grupo ou endeusa o teatro como um novo altar. A minha solidão não precisa de ser ocupada, gosto dela. Não preciso de mais gente, de ter mais gente na minha vida e por isso não foi por isso que procurei integrar-me neste grupo. Reconheço o cimento, a alegria, o gosto pelo que conseguimos fazer. Reconheço que é bom nos sentirmos uma parte integrante de um grupo, mesmo que momentâneo. Mas não preciso das fotos, de entrar no grupo no FB, de trocar telefones. Uma maré é um vai e vem e depois termina na praia. Se fomos e viemos com ela, temos a memória do seu movimento, o seu registo na pele. O bom deles ficou em mim. Se nos reencontrarmos alguns ou no todo que seja natural, vivido e com cor.

O meu bom é mais a confirmação de um caminho já iniciado, já pressentido, já esboçado. É perceber o que gostaria que fossem os próximos anos da minha vida. É feito do que ainda não foi, do que ficou por saber ainda, o meu bom é um desejo mais adiante. O meu bom é afinal muito simples. É feito de confirmação. De saber mais uma vez que o teatro pode ser esse lugar para podermos contar histórias sobre nós e os nossos lugares. E que ao contar nos tornamos, como por magia, matéria humana de encantar.

~CC~






2 comentários:

  1. É o bom de se experimentar algo novo, ou algo que sempre se desejou e não se teve oportunidade para... Ou então um recomeço.

    Teatro, como muitas outras coisas para mim, é uma experiência que também gostaria de ter. :)

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  2. E esta experiência foi em Faro, tão perto de si. Vinha um grande grupo de Quarteira...quando houver mais, aviso-a.
    ~CC~

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