Que não me falte a força na busca de lugares novos, trazendo pessoas antigas para lugares novos e pessoas novas para lugares já antigos. Que eu seja o rio que ainda corre pujante e possa ser também o pássaro que repousa a fadiga nas suas margens. Que esteja do outro lado da câmara sempre alguém capaz de me amar com todas as nuances que o verbo pode implicar. Tu e ela, sobretudo.
E mais além, mais adiante, me encante com a paisagem de tal modo que me sinta a própria árvore. Quantas vezes o desejo de fusão é a tradução do encantamento.
Mas me maravilhe ainda mais com o ser humano, não como obra acabada e habitada apenas pela bondade mas também como ser capaz de gritar, dominar as trevas, deixar correr a indignação. Enfrentar, dizer, saber ganhar, saber perder, não desistir. É só mais um ano. Não, não é apenas mais um ano. Nunca foi. Cada um deles foi sempre qualquer coisa mais.
Nós também somos produtores com as nossas mãos de sensações de cor, de artes de saboreio, de transformação dos elementos, eles e outra coisa ainda nas nossas bocas. Ver como criamos aproveitando estes intervalos de trabalho é de soberbo alimento. Não trabalhar durante algum tempo, como é bom.
Com a nossa idade são raras pessoas como nós, prontas ao desconhecido que é o outro, à juventude que os outros trazem, à diferença que comportam, à aventura que é passar o ano entre gente que mal se conhece. Acrescentar gente à vida, como sempre foi, mais que nunca. Não é a revolução, ainda assim, pode ser que seja.
~CC~
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