quinta-feira, 30 de janeiro de 2014

O rapaz, o skate e o cão



Um dia de chuva com boas abertas. Ele espera um bocado até a chuva passar e depois sobe a pista dos ciclistas. Deixa-se descer pela rampa, é tão fácil, é tão bom. Hoje nem tenta piruetas nem lances arriscados, quer só dormir a sesta a rolar no skate. O cão, esse rafeiro branco e preto que conseguiu alimentar na rua durante dois anos... O cão não corre atrás dele pela pista, dá a volta pela relva e vai esperá-lo no fim da rampa. Quando ele sai do skate o cão ampara o deslizamento até à rua, é a vez dele de brincar. São um trio de compreensão completa e estão sozinhos no mundo nesta tarde de chuva com boas abertas. A tristeza deles é parecida com a alegria, é-se triste por ter vinte e um anos e nada que possa ser melhor que isto. É-se alegre por se ter isto, alguma coisa inventada para cortar o tédio, para movimentar a alma ao sabor de um corpo lançado sobre pequenas rodas. Ali mesmo ao lado é a Universidade, ainda tentou lá andar. Não tinha contudo pernas para estar tanto tempo sentado, nem olhos para ler tantas apresentações power point. Nem sequer chegou a acabar o 1º ano, arranjou um biscate a colocar panfletos nas caixas de correio. Depois outro e outro até chegar ao nada. As tardes todas para andar de Skate, uma alegria, uma tristeza. Sem lágrimas, um abraço no rafeiro.

~CC~

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