terça-feira, 18 de fevereiro de 2020

Estatueta



Já vi Parasitas, confesso que só depois do Óscar, aliás Óscares. Tinha visto há tempos atrás um filme coreano muito enaltecido pela crítica e não tinha gostado nada, estava reticente.

O filme é um conjunto de agulhas fininhas a entrar-nos na pele, vai causando incómodo sem nos ferir, um aperto no coração enquanto rimos, um ligeiro sabor amargo vai-se instalando. Ninguém se salva, ninguém é belo, não há ninguém para amar no filme, antes cada um tem o seu quinhão de ridículo, um ponto fraco, são todos reféns, prisioneiros no seu próprio mundo. E ao mesmo tempo que admiro a crueza daquele olhar lúcido, aquele banho de realidade, apetecia-me ter um ponto de fuga, alguém que fosse capaz de romper o cerco. 

Compreendo o pessimismo mas no fundo sou uma optimista, mas não pode ser o optimismo açucarado, tolo, tonto. A bondade e a compaixão comovem-me e gostaria de as ver enaltecidas, não raro vejo-as caricaturadas. Talvez aquele miúdo a acampar debaixo da chuva no quintal, deslocado de qualquer realidade pudesse ser o ponto de fuga, pelo menos tinha uma lanterna a iluminar a noite e sabia descodificar código morse.

~CC~





2 comentários:

  1. Estou a pensar ver esse filme. Toda a gente diz bem dele, mas não sei porquê desconfio um bocadinho. Não sei a história e não vou ler nada antes de vê-lo.
    Hoje vi As Mulherzinhas na nova versão. Chorei como sempre. Gostei como sempre. E, como sempre, aderi que nem cola à personagem Josephine que nesta nova versão ganhou ainda mais força e autenticidade. Todas as mulheres quereriam ser a Jo do filme. De tão autêntica, é ideal. E deve ser isso que nos ganha.

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  2. Bea, vá, eu acho que vale a pena. Mulherzinhas, ora, agora sou eu que não me sinto motivada, talvez me engane...
    ~CC~

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