segunda-feira, 22 de abril de 2024

A minha poesia

 

Aquele sorriso, ano e meio a trabalharmos juntas. Um 19 bem merecido. E atrás dessa classificação miúdos que viram tanta coisa no quadro da Guernica, que discutiram o que era a guerra, que encontraram espaço para falar da Ucrânia e da Rússia, coisas que só superficialmente lhes entram em casa e sobre as quais ninguém fala com eles. O trabalho final da tese tem lá dentro tudo isso. 

Dizem-me que trabalho muito. Senti-o as vezes sem conta como uma crítica. E muitas vezes não soube o que responder. 

Mas hoje ocorre-me dizer que formo pessoas para formarem outras pessoas e que empregar muito do meu tempo nisso não é certamente uma coisa negativa, bem pelo contrário, é essa a minha obra. Do registo disso pouco haverá, pouco se dirá, pouco se escreverá. Mas pouco importa, é a minha poesia.

~CC~


6 comentários:

  1. Esse é o pensamento certo, sem isso o mundo não mudará. A escola é o princípio de tudo.
    Um abraço.

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  2. Bem pensado e escrito, CC. Pouco fica do que fizemos e até já penso que nem nos alunos sobrevive. A vida leva-os. Mas talvez, por vezes, alguma coisa de nós os acompanhe; sem que nos recordem, teremos ajudado a acordar para o essencial. Somos um pauzinho (um dos) que ajuda a atear o fogo que constitui cada um. A importância individual do professor é sempre relativa no vasto conjunto de influências. É como diz o poeta, "sê inteiro em cada coisa". Se lhe quer chamar poesia, chama. Eu sempre achei que era alegria o que me movia para eles, estávamos bem uns com os outros.

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  3. Oh CC, criticam-na porque trabalha muito? De repente lembrou-me de uma situação ocorrida comigo há muito tempo atrás. Tinha começado a trabalhar nessa empresa há pouco tempo e devíamos ser uns seis numa sala mais o chefe. Quer porque eu ainda não tivesse prática suficiente ou por querer estudar os apontamentos um pouco melhor, durante os primeiros tempos ficava no escritório mais algum tempo depois dos outros saírem.
    Ao fim de uma semana e aproveitando uma saída do chefe da sala, disseram-me:
    - O Joaquim já reparou que ao sair mais tarde que nós nos está a prejudicar?

    Boa noite CC.

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    1. Ai Joaquim, tenho muitas histórias semelhantes...Boa noite.

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