quarta-feira, 24 de julho de 2013

Bebé portátil



Na minha cidade há um restaurante vegetariano muito bom e nada caro, tem a vantagem de ser plural, ou seja não tem fauna de estilo próprio. Há gente de todas as idades e jovens também. Hoje os olhos estavam fixos num casalinho jovem muito freak. Tinham um bebé com uma idade que só poderia variar entre os 4 e os 6 meses. A criança berrou a plenos pulmões mal o pai a colocou no carrinho, como não conseguiam almoçar com ela ao colo, tiraram uma cadeirinha das que se apoiam na mesa. O bebé gostou da ideia e começou imediatamente a bater com as mãos na mesa. Pensei que dar-lhe uma colher seria o ideal, podia bater na mesa com ela, colocá-la na boca, abaná-la...e bom, deitá-la ao chão até aos pais se cansarem de a apanhar. 
 
No entanto a mãe dirigiu-se ao saco do bebé e pensei que sairia de lá um brinquedo de abanar ou chocalhar, esses que tomaram o lugar dos objectos do dia a dia, os reais preferidos das crianças (diz a minha mãe que o meu irmão brincava tempos infindos com alguidares de plástico e colheres de pau). Nada disso, a mãe tirou do saco um computador portátil e colocou à frente da criança, de forma a que ela não chegasse lá com a mão mas pudesse ver qualquer coisa - talvez uns desenhos animados, na melhor das hipóteses. Um portátil em frente a um bebé de 6 meses! A criança devia já estar habituada porque se fixou imediatamente nas imagens mexendo, os braços para tentar agarrar o que se mexia no écran...De vez em quando eles apenas ligavam outro botão para fazer correr mais imagens e fixar a atenção da criança. Na inexistência de tal objecto, talvez ela se fixasse nas pessoas, estas fariam uma macacada para a fazer rir, ela devolveria um sorriso, cumprindo o ritual de socialização de um bebé.
 
Como será o mundo de um bebé que cresce com um portátil à frente onde se bombardeiam desenhos animados sem parar? Com um ano terá milhares de fotos no FB e aos três poderá já saber teclar. Ainda bem que a natalidade diminui a olhos vistos...
 
~CC~
 
 

1 comentário:

  1. Não sei como será o mundo povoado por estas crianças feitas adultos, mas desconfio que não vou gostar. Felizmente estarei de partida, se não tiver partido já.

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