terça-feira, 27 de dezembro de 2016

23-26 Dezembro



Percebo quem odeia esta festa, quem a tolera, quem a adora.

Nunca gostei muito de festas, muito menos as que somos obrigados a festejar, sem hipótese de saída, encurralados pela sociedade em êxtase. Odiei todos os telejornais a acabarem com capítulos sobre comida de Natal, decorações de Natal, famosos ou nem tanto a contarem as suas memórias de infância...um excesso, um delírio, uma inutilidade de minutos que poderiam ser gastos com coisas tão preciosas.

Acresce que esta festa implica o que em qualquer manual de psicologia vem descrito como a matéria mais combustível que há: a família. Não acabam mais as famílias que por obrigação se têm que juntar, muitas vezes sem nenhuma vontade de o fazer. Poderia escrever-se um livro inteiro de histórias sobre os pequeninos ódios familiares, os que não matam, mas minam como uma dor contínua.

Mas só me incluí no grupo de quase odiar esta festa até ao dia 23 de Dezembro. Depois cheguei a uma aldeia na serra, comecei por ver uma das árvores de Natal mais bonitas de sempre, feita por um jovem oleiro que com uma pedra de mó, um tronco repleto de musgo e uma dúzia de ovelhas em miniatura (feitas de barro e lã natural), mostrou como a simplicidade e a natureza são bonitas. Literalmente acampámos entre 23 e 26 de Dezembro, numa composição familiar variável mas com algumas permanências fundamentais. Por isso o meu Natal só acabou hoje. Todos foram iguais a si próprios e é esse o encanto de sermos nós, ninguém disfarça quem é. Sabemos tão bem os defeitos uns dos outros que são mesmo eles a parte que nos faz mais falta.

Obrigada Ernesto pela forma como fazes parte desta família, pela forma como tudo, literalmente tudo fizeste para nos acolher. Não esteve mesmo frio, apesar de ser na Serra.

~CC~




3 comentários:

  1. CCF, que verdadeiro, o que escreveste sobre a família. De facto, junto dela somos sempre (ou quase sempre) aquilo que somos de verdade.

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  2. Laura e Ana, é quando não precisamos de encenar nada que se prova que o amor existe. Mas não é fácil o caminho até lá.
    ~CC~

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