domingo, 24 de junho de 2018

É só um bocadinho



Estava, via-se, fora do seu caminho habitual. Descera um pouco mais à cidade e entrara naquele café habitado por gente das artes e das letras. Curiosamente o café não tinha só mesas e cadeiras mas também um sofá. E ele entrou e sentou-se ali a usufruir do silêncio daquele tempo depois do almoço em que não há quase ninguém e há uma penumbra fresca e silenciosa. Nós trabalhamos ou tentamos, cada uma numa mesa com o seu computador, bebendo também aquela calma, tão contrastante com o bulício da manhã.

Encostou-se no sofá e dormiu um bocadinho. Quando acordou ligou à mulher: ainda demoro mais uma meia hora, dormi um bocadinho e agora preciso de acordar, estou naquele café de que te falei, onde te disse que gostava de entrar um dia. Do outro lado o ralhete e ele a tentar acalmá-la: ninguém viu que eu dormi, foi só um bocadinho, não fiz figura triste nenhuma, não comeces já a ralhar.

Eu vi mas não digo nada a ninguém, muito menos à mulher dele.

~CC~

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