sábado, 5 de junho de 2021

Biblioteca

 

Vejo-te aqui entre os seis e os nove anos. Vejo o que na altura lias e o que lês agora. E vejo-me a mim, as partes em que estava mais feliz do que agora e aquelas em que agora estou mais. Todo este lugar respirava a nossa inocência, era aliás tão inocente como nós. Agora ergue-se um hotel ali no canto, é um luxo a erguer-se entre as casinhas brancas e azuis. Lembro-me de não haver lojas sequer. Agora as túnicas mais baratas custam cerca de 200 euros. Dizem que é assim que os lugares se desenvolvem mas é assim que eles morrem também. Sobrou a nossa biblioteca de pedra, não sei quanto tempo ficará. No meu coração sei que ela durará muito.




9 comentários:

  1. Hesitei em comentar este post velado e intimista, o comentário soa a intrusão em território particular. E portanto, escrevo mas não digo.

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    1. Todo este blogue é meio velado e intimista, por isso esteja à vontade. Diz a Dulce Cardoso que escreveu uma autobiografia não autorizada, brincando com a contradição da coisa...e eu escrevo um diário público.
      ~CC~

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    2. Estou a ler as crónicas da Dulce. Gosto imenso dela.
      Leio sempre as suas crónicas e também gosto muito de si. :-)
      🌻

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  2. Soube-me bem ler este texto. Muito.

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  3. Fui lá algumas vezes (poucas) mas ainda não havia a biblioteca de pedra.
    Bela praia, bela lagoa.
    Talvez não destruam a biblioteca...
    Bom final de tarde.
    🌅


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    1. Reconheceu? A Maria é mestre, consegue sempre descobrir tudo. Deixem-me ficar a biblioteca...
      Um beijinho
      ~CC~

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    2. Foi facílimo!
      Há uma Miss Marple dentro de mim 😂 nada a fazer...

      Beijinho.
      🌻

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