Aproveitem-no bem, só há de quatro em quatro anos.
Façam dele um dia bom.
Para mim basta-me sentar um bocadinho à janela de um café bonito.
~CC~
(E já agora, o que é um dia bom para vós?)
Aproveitem-no bem, só há de quatro em quatro anos.
Façam dele um dia bom.
Para mim basta-me sentar um bocadinho à janela de um café bonito.
~CC~
(E já agora, o que é um dia bom para vós?)
Fui uma adolescente sem dinheiro nenhum, vivendo um pouco de trabalhos avulsos mas sobretudo beneficiada pela generosidade dos meus amigos, do meu namorado e dos seus pais. Salvaram-me a vida em bens e muitos almocinhos, mas não me davam propriamente dinheiro. Por isso quando comecei a receber os meus primeiros ordenados, pude gastar dinheiro em doces, coisa que antes não podia comprar.
A minha paixão eram as fatias fininhas de laranja cobertas de chocolate que havia em Benfica, no Califa. Descobri-as por acaso e tornei-me quase viciada, comprava uns saquinhos e ia comendo durante o dia. Felizmente os caminhos do Califa deixaram de se impor quase todos os dias, caso contrário o meu nível de glicémia teria ditado uma futura consulta para diabetes.
Muito tempo mais tarde descobri que estas fatias de laranja cobertas de chocolate ou de açúcar eram praticamente um doce típico desta cidade sadina a que um dia decidi chamar casa.
Este bombom é uma versão refinada desse sabor. Um chocolate preto com creme de laranja nada doce e umas casquinhas muito fininhas do fruto em versão crocante. Soube-me assim a casa, no justo equilíbrio que eu gostaria que a minha vida fosse, essa combinação da aceitação do que já fui, do que sou e do que ainda quero ser.
~CC~
Nome improvável de me chamar, país igualmente. Fui porque alguém me soprou é bom.
Vidas passadas é um filme coreano.
Cada vez gosto mais de cinema de geografias mais desconhecidas e os coreanos ultimamente têm sido a minha maior surpresa.
É belo, de uma delicadeza tocante. É sobre amor, desencontro, renúncia. É também sobre identidade(s), essas fronteiras onde nos moldamos numa língua, numa geografia, num modo de ser. E sobre esse hibridismo dos seres que atravessam fronteiras, fazem casamentos mistos, amadurecem em lugares múltiplos, fruto de experiências que não eram aquelas que a família deixava antever.
Belos actores que por certo não caminharão em nenhuma passadeira vermelha à luz de holofotes.
Apeteceu-me muito chorar como a actriz chora no final. esse choro em soluços que ela deixou para trás quando se tornou adulta. Mas saí a correr do cinema e não chorei.
~CC~
O coração é esse lugar.
Um lugar que podemos abrir e deixar esvoaçar. Um lugar que podemos fechar e agarrar bem à terra. Dois movimentos importantes, ambos essenciais para não sofrermos.
O meu coração, ainda sou dona dele, consigo fazê-lo bater como quero, não me foge.
~CC~