quarta-feira, 23 de abril de 2014

Quando vale a pena...



Um bando de miúdos de (quase) rua, abrangidos por um programa que visa criar-lhes alguma esperança. Foram esses mesmos miúdos, os suspensos da escola, os que aterrorizam colegas e professores, os que são incapazes de estar quietos, que escutaram o velhote antifascista, calaram-se nas lágrimas da senhora que o acompanhava, levantaram o dedo para fazer as perguntas que surgiram muito além do guião que levavam. Quiseram saber o que é que ser antifascista e o que é resistir hoje. A política veio poisar ali no meio dos miúdos de 13 anos, vulgarmente apenas interessados em Telemóveis. E eles questionaram também: diz para estudarmos mas depois temos que sair do país...(os miúdos de 13 anos já dizem isto).

Impressionaram-se com o sofrimento que foi uma família inteira presa, espantados por uma criança de dois anos poder ficar numa prisão e aí crescer. Aí a voz do velhote embargou-se de emoção porque diz que aquele filho ficou para sempre marcado, contido, não diz mais.

Às vezes vale a pena ser a orientadora destes estágios, vale a pena falar, ser escutada. Trouxe dois cravos de papel para casa, muitas pessoas levaram outros que eles lhes ofereceram na rua. Mas querem saber: houve gente que os recusou, mesmo numa cidade dita vermelha como esta.

~CC~

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