sábado, 11 de julho de 2015

Vamos levando...


Chegam de longe, cruzando o Atlântico, agora mais amiúde, desde que a mãe está cada vez mais velha e o pai anunciou a morte que aconteceu vai para dois anos. É a minha família brasileira que inclui dois sobrinhos que ainda não consegui conhecer e um sobrinho neto que já nasceu carioca e conhecerei em breve. Ficamos quase um ano sem falar, trocamos mails telegráficos de quando em quando, não nos vimos no skipe nem usamos essas formas modernas de manter o contacto. Sabemos que um dia virão, nós iremos, acabaremos por nos encontrar. Não nos preocupamos com o que há para dizer ou se o silêncio se irá instalar, como os genes portugueses comandam, sabemos que à volta da mesa voltaremos a brincar, a rir, a partilhar também as mágoas e as preocupações, falaremos dos lugares onde queremos ir, de onde fomos, do que fomos fazendo, tudo devagar, à medida que for fazendo sentido. Depois o meu mano dará um daqueles abraços que nos aconchegam e sabemos que ali também é uma das nossas casas, um lugar nosso ainda que do outro lado do mundo. E desta vez ele veio com a sua nova mulher (com quem já está há cerca de dez anos) que ainda não conhecíamos. Com ela arrancam-se os estereótipos que ainda restam sobre as brasileiras, é branquinha, reservada e doce.

No MED 2015

A nossa pátria é também este sangue espalhado por aí, este apelo que aparece de quando em quando, acho que no tempo certo, e é assim que nos sentimos menos sozinhos.

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