terça-feira, 11 de agosto de 2015

A idade da inocência



Dizem que já não existe a idade da inocência e que como tal, ela não acaba. 

Mas não creio. Há aquela fronteira, mesmo que ténue, quando se começa a ser adolescente mas não se é ainda um jovem. Diria, entre os 12 e os 14, não mais hoje em dia. 

Vi acontecer hoje à minha frente. Eram dois miúdos e três miúdas entre os 12 e os 14, talvez nenhum ainda tivesse os 14. Subiram ao 6º andar do café do forum Luisa Todi, esse elevador que varia entre o zero e o 6 não os assustou. Vinham da praia e estavam sozinhos, em grupo. As primeiras saídas sozinhos, por certo, as primeiras idas ao café sem pais, nem outros adultos. Arranjaram as mesas com esmero para se juntarem todos num grupo. Depois falavam em morangos e frutos silvestres e imaginei-os a pedir gelados. Nada disso, eram batidos de morango, um para cada um e uma palhinha cor de rosa. Sorviam pelas palhinhas muito concentrados, muito mais deliciados que o grupo do lado que bebia mojitos, falava muito alto em francês, como se o mundo fosse deles.

Mas o mundo era realmente daqueles cinco miúdos, pertencia àquela felicidade. São inesquecíveis as primeiras coisas que fazemos na ausência dos adultos, nem que seja ir ao café beber batidos. E tiveram bom gosto, é uma das melhores vistas da cidade e os batidos são servidos nuns copos muito bonitos, um branco raiado de rosa digno de uma selfie, que felizmente não tiraram. Pelo menos enquanto eu por lá estive. Assim talvez guardem não na pasta do Telemóvel mas noutro lugar mais íntimo, onde moram as verdadeiras emoções que não se esquecem e não necessitam de imagens para serem lembradas.

~CC~





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