domingo, 20 de março de 2016

A herança



Vejo a série a "Herança" no canal 2, é tão bom não ouvir falar as línguas dominantes do mundo, a série é dinamarquesa.  O enredo é interessante, os actores são bons, estranhamente uma família nórdica tem algumas semelhanças com a minha. Uma tendência para o caos que no entanto mantém todos à tona, um deslaçar que se enlaça ao último minuto, a provar que há qualquer coisa no mesmo sangue. Sobrevivência à prova de bala.

Semelhanças, não na herança, claro. Do meu pai herdei o gosto por ler, coisa que ganhei a folhear as muitas colecções de livros que fazia, a mais saliente na minha memória é mesmo a colecção da RTP, creio que dos anos 60/70.  Talvez também algum misticismo, ainda que sem norte, como no fundo era o dele. Uma tendência a ler as páginas dos horóscopos mesmo sem acreditar patavina (já ele traçava cartas astrais). O que me sobra de gosto pelas cidades, esse frenesim de vida. E sem dúvida os cafés, lugares onde passou mais de metade da sua vida. No dia do pai nem me lembrei muito dele, acho que nunca passei um dia desses com ele, tal comemoração só ganhou palco quando era já adulta e ele estava longe, creio que nem telefonava. São os outros, a comemoração dos outros que me leva até ele numa memória a que aprendi a tirar a dor.

~CC~ 

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