sábado, 25 de novembro de 2017

53



Destas coisas tristes. A de morrer aos 53, vítima de cancro.

Leio a data de nascimento de cada um deles (Pedro Rolo Duarte e João Ricardo) com um tremor que me percorre devagarinho. É também a minha data de nascimento, é também a minha idade, é também a minha doença.

Mais que isso, sei como cada um deles gostaria de ter vivido para além dos 53, seio-o quase intimamente por lhes reconhecer o labor, a luta, o olhar. Sobretudo a surpresa de poder acontecer a quem gosta tanto de viver.

Isto um ou dois dias depois de ter assistido a uma conferência com Alexandre Quintanilha em que ele nos mostrou como a Ciência anda a conquistar mais e mais vida, numa luta taco a taco, num desafio que até agora era inimaginável. Bastou-me reter a imagem que deu da mulher tetraplégica que só com um chip implantado em determinada zona do cérebro comanda um robot que lhe executa as mais diferentes tarefas, para ter outra vez esperança. Onde estava porém essa quase santa ciência quando estes dois homens morreram? Estava confrontada com as suas muitas limitações. Daqui a um ano, a dois, poderá até já ter chegado algo que lhes impedisse esta prematura morte, para eles será sempre tarde demais. 

Penso nos 54 como um horizonte, uma possibilidade saborosa, uma meta curta como passei a traçá-las.

~CC~

7 comentários:

  1. Sempre sempre sempre que leio aqui um post, tenho vontade de deixar um abraço apertado. E deixo, mentalmente.
    Mas hoje fica em palavras. Querida CC.

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  2. Leio estas notícias sempre com incredulidade e inevitavelmente estabeleço comparação de idades. A minha, apenas um pouco mais adiante. O medo de saber que ninguém está a salvo.

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  3. Susana, às vezes também entro e saio em pézinhos de lã:) Abraço dado, querida Susana.
    Luísa, mesmo ninguém. Mas não vale a pena viver com medo, quando e se vier, logo se vê.
    ~CC~

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  4. eu nunca leio estas notícias. nunca. não consigo. o que sei, é apenas das notificações que caem no telemovel, ou do lado direito do ecrã do pc.
    beijo, CC, bom domingo

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  5. Nesses olhares com certeza também há esperança e enquanto houver esperança há vida. Bom dia :)

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  6. Ana, às vezes é difícil não ler!
    Gaja Maria, sim, esperança, salvou-me em parte, a outra não sei o que foi, qualquer coisa que não esteve disponível para o Pedro (avanço científico na área específica do tumor?).
    Marta, também gostava!
    ~CC~

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