sábado, 11 de julho de 2020

Litoral



Há tanta beleza neste mar do Alentejo. E o odor, este cheiro forte e salgado. Aprecio as ondas tão grandes, absolutamente incapaz de entrar nelas.

Há quem não tenha medo de nada, em grupos que sem dificuldade chegam e ultrapassam os dez, parecem ter pressa, urgência em viver, não querem ser impedidos, confinados, amarrados.

Até eu por vezes pareço esquecer-me do medo, mas na maior parte das vezes ele não me larga e permaneço vigilante.

Os empregados do bar da praia, a esses nunca os achei tão cansados, subitamente envelhecidos e quase derrotados por trás das máscaras. São eles quem se sujeita mais ao risco.

As crianças pequenas, essas continuam a exclamar praia, omitindo o "r", com os olhos grandes e espantados de felicidade. Os pais, esses bem os avisam: não se cheguem às outras pessoas. Será que algum dia se lembrarão deste estranho aviso? Espero que um dia o esqueçam, eu gostava quando as crianças se abeiravam com os baldes para eu encher de água.


~CC~

11 comentários:


  1. Temo que essa aproximação das pessoas, e/ou trazer o balde para alguém encher de água, vai tardar a acontecer- Temo que as coisas vão piorar e muito enquanto não houver vacina e a irresponsabilidade que se vê nas praias (algumas) e nas cidades com ajuntamentos assustadores, vá trazer miséria e tristeza. Gostava tanto de me enganar
    .
    Bom fim de semana

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    1. Como encontrar o equilíbrio é a grande questão, a toda a hora somos interpelados...
      ~CC~

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  2. Pois é, Miss double C with waves, deixou-me nostálgica :(
    Hoje fartei-me de pensar nas minhas praias daí.
    Em qual delas estará? (compreendo que não queira dizer... lá iam os paparazzi todos a correr fotografá-la 😂).
    Hoje aqui: 25/39
    Sines: 16/27
    Por volta das 17h, trovoada seca, seguida de chuva torrencial e granizo. Ficou a estrada coberta de branco mas pouco durou, o calor do alcatrão depressa secou tudo.
    Abri a janela: céu plúmbeo e trovoada ao longe...

    Ondas grandes? É só furá-las!
    (Técnica aprendida nas praias da Caparica há mais de mil anos, e aperfeiçoada aí no lugar de Porto Covo).
    Come on ~CC~, dê um mergulho por mim...
    🐬



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    1. Eu gosto dessas chuvas de Verão, fazem-me lembrar a terra mãe...
      Tenho mesmo medo de ondas, um medo que com a idade só piorou...
      Mais adiante dou um mergulho para si, perto de casa o mar é mais plano:)
      ~CC~

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  3. Há muita beleza no mar inteiro e em cada uma das suas partes. Mesmo furioso e a causar danos consegue ser bonito. Ondas alterosas sempre me lembram pessoas e situações que prefiro olvidar, parecem vingativas e de uma frieza assustadora.
    Na praia o covid esquece, é como se tudo fosse antes: ampla liberdade. Mas isto sou eu que não tenho medo, me esqueço do vírus com facilidade e a curto imenso.
    Boa noite

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    1. Que imaginação Bea, transformar uma onda numa pessoa vingativa e de uma frieza assustadora :)
      Tenho mais medo das rochas, que como certas palavras deixam uma ferida, e a ferida deixa uma cicatriz :(

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    2. a cada um a imaginação que lhe coube, Joaquim.

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    3. nem mais Bea, ficou claro como água.

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    4. Os dois aqui, numa bela onda de conversa:)
      ~CC~

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  4. Experimentei também tudo o que disse, mas na Costa da Caparica...

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