terça-feira, 3 de janeiro de 2017

Cerejas



Uma caixa inteira de cerejas, tão grandes, tão vermelhas. Como podia ser em Janeiro estarem ali a olhar-me como se fosse Junho. Satisfiz a minha curiosidade já que na frutaria não havia rótulos de origem. Vinham do Chile, eram cerejas do Chile. Podia comê-las a ler poemas de Pablo Neruda. Tão lindas, tão sumarentas, do outro lado do mundo.

O Chile estava na agenda de hoje, já em casa, a notícia. Valparaíso estava a arder, mais de 100 casas consumidas pelo fogo. Como pode a poesia morrer assim? Mas Valparaíso não era afinal só um lugar arrumado no canto das minhas mitologias literárias, existia e sofria. Seriam de lá as cerejas? Não havendo cerejeiras nas cidades, seriam de lá perto? Talvez não, o Chile é uma imensa cordilheira que vai do calor ao frio.

Com cerejas ou sem elas, bem gostava de ir a Valparaíso. Que se salve, a bem deles e de todos nós. As cidades poema não podem morrer.

Imagem retirada de http://www.zedge.net/wallpaper/9189540/



~CC~

4 comentários:

  1. Também vi a notícia e de facto foi como uma revelação (dramática embora). Afinal Valparaíso não é só um sítio literário.
    E coincidência, comi cerejas. Foi o meu marido que as comprou. Imagino que são dessas, do Chile.

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  2. Eram boas? Não comprei mas fiquei com muita curiosidade de saber a que sabem as cerejas do Chile? O sabor é igual ao das nossas?
    ~CC~

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  3. Verifiquei, depois de comentar aqui, que as minhas, afinal, eram da Argentina. Eram muito boas, sim.

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  4. Então Luísa, vou comprar umas com sabor a América Latina, boas como as nossas, obrigada.
    ~CC~

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